3 d ejunho de 2014 - 11h22

A imunoterapia obteve grandes avanços na luta contra cancros que se acreditava serem incurávveis, embora cientistas ainda não compreendam a razão pela qual o tratamento funciona bem em alguns casos e não em outros.

A técnica, saudada como a inovação de 2013 pela revista Science, consiste em treinar o sistema imunológico para atacar os tumores. Em alguns casos, a abordagem desarma as defesas dos tumores e em outros seleciona as células imunes mais fortes do paciente, desenvolve-as em laboratório e reinjeta-as para reforçar o ataque do corpo ao próprio cancro.

"A beleza desta abordagem é que é mais seletiva e está a produzir remissões duradouras e estáveis", disse Steven O'Day, professor associado de Medicina na escola médica Keck, da Universidade da Carolina do Sul.

Segundo um estudo publicado no final do ano passado, 40% dos pacientes com melanoma avançado que foram tratados com imunoterapia não apresentavam indícios de cancro sete anos depois.

Os resultados dos três testes clínicos divulgados esta segunda-feira na Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em Chicago, podem aumentar este número.

Um deles, um estudo de fase 1 feito com pacientes com melanoma inoperável, levou a uma sobrevivência média sem precedentes de três anos e meio para um cancro que costuma matar em cerca de um ano.

Investigação continua

"Isto é realmente revolucionário e agora, os tratamentos do melanoma estão a ficar tão bons que estamos a ver pela primeira vez um avanço significativo contra tumores sólidos muito difíceis de tratar", acrescentou O'Day.

Os tumores sólidos são encontrados na maior parte dos cancros. Cientistas dos Institutos Nacionais de Saúde anunciaram na segunda-feira que uma nova técnica - que consiste em retirar células imunológicas de um tumor e cultivar mil mlhões delas em laboratório para reinseri-las no corpo do paciente - teve sucesso em duas entre nove pacientes.

Os médicos destas duas mulheres, ambas na casa dos 30 anos, deram-lhes menos de um ano de vida antes de participarem nos testes. Hoje,
elas não apresentam mais sinais do cancro, 22 meses e um
ano depois do tratamento.

Porém, a mesma técnica não funciona
com outras pacientes e a cusa ainda é um mistério.

Enquanto isso, novos estudos são lançados sobre o uso da imunoterapia para tratar tipologias de cancro, como o oral e
anal, que, como o tumor do útero, são provocados pelo vírus do papiloma
humano (HPV).

No que diz respeito ao melanoma, assim como aos cancros do rim e pulmão, um novo tipo de medicamento que bloqueia uma
proteína chamada PD-1 incentivou o campo de pesquisas.

"A PD-1 é talvez o avanço mais excitante no tratamento do cancro na última década", disse Mark Schoenebaum, analista do Grupo ISI.

As
gigantes farmacêuticas Bristol-Myers Squibb e Merck estão na corrida
para produzir medicamentos que vão ajudam o sistema imunitário a reconhecer
e a atacar o cancro.

Por SAPO Saúde com AFP