Os serviços de saúde também praticam maus-tratos aos idosos quando, por exemplo, permitem que estes fiquem dias numa maca, os amarram à cama ou não respondem às suas dúvidas sobre o futuro, alertou hoje uma especialista em geriatria.

A denúncia partiu de Cristina Galvão, especialista em medicina geral e familiar e mestre em gerontologia e em cuidados paliativos, durante a sua intervenção no quinto Congresso Nacional do Idoso, que decorre em Lisboa.

Cristina Galvão falou sobre os sinais de alerta de maus-tratos e violência nos idosos, lembrando que os abusos podem ser físicos, psicológicos, sexuais, de negligência, financeiros e dos próprios serviços de saúde.

Sobre os últimos, esta profissional de saúde sublinhou: “Não estamos isentos de maus tratos. Também podemos ser maus tratadores ”.

Cristina Galvão reconheceu que os maus tratos infligidos pelos serviços de saúde a idosos são, porventura, os mais despercebidos.

Durante a sua intervenção, a especialista apresentou um rol de situações que podem significar maus tratos a idosos pelos serviços de saúde, como “quando um médico cobra duas vezes pelo mesma consulta, prescrição de medicamentos ou aparelhos”.

Este tipo de maus tratos também existe quando os idosos recebem mais ou menos medicação do que a que precisam, quando eles perguntam sobre o seu estado de saúde e o futuro, e ninguém lhes responde ou mentem, bem como quando são entubados ou amarrados às camas contra a sua vontade, disse a especialista.

Cristina Galvão alertou para a importância dos serviços de saúde na identificação de eventuais sinais de maus tratos de idosos, como marcas no corpo ou falta de higiene.

“Uma vez, no serviço de urgência, tive de descolar uma camisola do corpo de um idoso que estava institucionalizado. Essa instituição estava a maltratá-lo, ao não lhe proporcionar a devida higiene”, contou.

16 de junho de 2011

Fonte: Lusa/SAPO