29 de abril de 2014 - 08h33
Investigadores norte-americanos identificaram anticorpos humanos eficazes contra o coronavírus da Síndrome Respiratória do Médio Oriente, abrindo a via a possíveis tratamentos contra a doença infeciosa, muitas vezes mortal, revela a revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Não existe, neste momento, qualquer vacina ou antivírus contra a síndrome, uma infeção aguda nas vias respiratórias com uma taxa de mortalidade superior a 40 por cento.
A Síndrome Respiratória do Médio Oriente apareceu na Arábia Saudita em setembro de 2012 e causou a morte de mais de cem pessoas, tendo-se estendido a outros países.
Os anticorpos isolados por investigadores do Instituto do Cancro Dana-Farber, em Boston, neutralizaram uma parte chave do vírus, impedindo que se ligasse a recetores que permitem a infeção de células humanas.
Os virologistas descobriram os anticorpos - sete num total - num "banco" contendo 27 mil milhões de anticorpos humanos conservados num congelador no instituto.
Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunitário capazes de reconhecer vírus e bactérias estranhos ao organismo. Algumas proteínas são capazes de neutralizar agentes patogénicos específicos e impedir que infetem as células humanas.
Dos sete anticorpos capazes de bloquear especificamente a Síndrome Respiratória do Médio Oriente, a equipa de cientistas selecionou um, como sendo o mais promissor para investigações suplementares e que foi produzido em quantidade suficiente para começar a ser testado em macacos e ratos.
Segundo os autores do estudo, publicado na edição desta semana da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os anticorpos oferecem a possibilidade de proteger o pessoal hospitalar que cuida dos doentes mantidos em isolamento.
A ser bem-sucedido, o tratamento será administrado por injeção e deverá permitir uma proteção contra a síndrome durante cerca de três semanas.
As origens do coronavírus da Síndrome Respiratória do Médio Oriente continuam por descobrir. Foi encontrado entre os dromedários e os morcegos, mas os virologistas desconhecem como se transmite nos humanos.
O coronavírus é semelhante ao vírus da Síndrome Respiratória Aguda Severa, que matou centenas de pessoas na China, em 2002 e 2003.
Lusa