25 de março de 2014 - 17h22
Investigadores europeus estão a trabalhar num projeto para encontrar uma vacina que proteja contra as várias estirpes de gripe, evitando as vacinações anuais, um projeto com a participação do Instituto de Biologia Experimental Tecnológica (IBET).
"O que se pretende com este projeto é desenvolver uma vacina que consiga proteger contra várias estirpes, tentando no futuro evitar a necessidade de todos os anos termos de vacinar-nos contra a gripe sazonal", explicou hoje à agência Lusa a presidente da Comissão Executiva do IBET, Paula Alves.
O IBET, organização dedicada à investigação nas áreas da biotecnologia e ciências da vida, em parcerias com universidades e indústria, nas áreas da saúde, agroalimentar e ambiente, comemora hoje os 25 anos num evento que conta com a presença dos ministros da Saúde e da Economia.
O projeto europeu para encontrar uma vacina contra todas as extirpes, de sete milhões de euros, recebeu o financiamento da Comissão Europeia, segundo a responsável.
O objetivo é obter "um processo escalonável com um custo que permita levar a vacina, se funcionar, aos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento", salientou Paula Alves.
O IBET será responsável pelo trabalho sobre o processo de produção desta vacina, com mais de 30 variantes mono, tri e pentavalentes e, posteriormente, irá dimensionar, otimizar e validar a vacina à escala piloto, projetando o processo de fabrico em grande escala.
Este processo implica estar em contacto com os investigadores que trabalham no novo conceito em Inglaterra, França e Itália.

Projeto já arrancou
Em novembro, iniciou-se oficialmente o projeto e os ensaios começaram em janeiro, nos laboratórios do IBET.
"O projeto foi desenhado para cinco anos, com várias linhas de investigação paralelas, e queremos começar, assim que possível, testes em animais, passando depois para ensaios clínicos em humanos", referiu a responsável do IBET.

Os surtos de gripe que todos os anos afetam as populações de vários países "não matam muito", segundo a especialista, mas o problema é o seu impacto socio económico, já que requer idas ao hospital e pode ter efeitos complicados, dependendo da estirpe.
Por isso, "é uma doença que continua a ter um grande impacto nos custos da saúde, mesmo nos países desenvolvidos e se conseguíssemos desenvolver uma vacina que não obrigasse a esta vacinação anual e reduzisse o impacto que a doença tem para as estruturas de saúde pública, era bom", concluiu Paula Alves.
Com uma taxa de incidência anual de cinco a 10% entre adultos e de 20 a 30% entre as crianças, a gripe sazonal é responsável por cerca de cinco milhões de doentes graves e por 250 mil a 500 mil óbitos em todo o mundo, segundo dados citados pelo IBET.
Lusa