Ouvido esta terça-feira na comissão parlamentar de Saúde, a pedido do PCP, Carlos Martins explicou que pôs imediatamente o lugar à disposição porque foi contactado pelo ministro que lhe disse que “o presidente da Administração Regional de Saúde [ARS] se demitiu e que havia outras duas pessoas na mesma situação” [os presidentes dos conselhos de administração dos hospitais de Santa Maria e de São José].

O caso de David Duarte, que morreu na madrugada de 14 de dezembro após ter dado entrada no São José com um aneurisma roto, está a ser apreciado na comissão parlamentar de saúde.

O presidente do conselho de administração do Hospital de Santa Maria entendeu então deixar total liberdade ao ministro para tomar as medidas que entendesse necessárias.

Até porque, acrescentou, nesse dia [22 de dezembro] “ao final de tarde, os dados disponíveis pelo ministro eram de que Santa Maria tinha sido acionado e não tinha respondido”.

Carlos Martins terá tomado por boa essa informação, mas à noite (nesse mesmo dia), o diretor de serviço disse-lhe “que Santa Maria não tinha disso acionado”, facto de que o presidente do Conselho de Administração disse ter provas.

A família do jovem de 29 anos vai apresentar uma queixa-crime "contra todos os envolvidos na cadeia de decisão" sobre a alegada falta de assistência ao jovem.

Escala voluntária do Santa Maria

O responsável deu ainda a entender que teria tido resposta para o jovem se tivesse sido contactado, já que desde 2008 aquele hospital dispõe de um sistema que funcionou sempre e que consiste numa “escala voluntária”, em que os profissionais sabem que podem ser chamados para comparecer no hospital e que têm um pagamento percentual estipulado.

“De acordo com o relatório que solicitei, não temos nenhum registo de falha neste período de tempo, nenhum registo de morte ou recusa de qualquer profissional de comparecer no hospital em caso de necessidade. É essa a prática, diria que quase corrente, em Santa Maria”, afirmou.

O responsável sublinhou que “até prova em contrário, o sistema montado desde 2008 funcionou: prevenções para resposta quando necessário”.