O Pulido Valente está a ser revitalizado e será um novo parque de saúde da cidade, com novos serviços que vão desde cuidados primários a novas camas de cuidados paliativos.

"Daqui a um ano, um ano e meio no máximo, os cidadãos de Lisboa e do país terão aqui cuidados desde a medicina familiar à cirurgia e internamentos, meios complementares de diagnóstico, consultas, cuidados continuados e paliativos”, afirmou em entrevista à agência Lusa Carlos Martins, presidente do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN), que agrega Santa Maria e Pulido Valente.

Situado na zona do Lumiar, o espaço do hospital Pulido Valente será um segundo parque de saúde da cidade – a juntar ao do Júlio de Matos -, com uma unidade de saúde familiar e 80 novas camas de cuidados continuados integrados e mais 15 de paliativos.

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“Um avanço importante”, como definiu o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, lembrando que estas camas são fruto de uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que irá ainda abrir camas nas instalações do antigo Hospital Militar da Estrela.

“O objetivo é chegar ao fim da legislatura com as respostas em Lisboa e Vale do Tejo ajustadas às necessidades”, adiantou hoje Campos Fernandes, à margem da cerimónia de assinatura de um memorando para instalar a central de esterilização do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) no parque de saúde do Pulido Valente.

Controlo de infeções

Esta central de esterilização vai fazer o reprocessamento de dispositivos médicos, um passo considerado essencial no controlo de infeções associadas à prestação de cuidados de saúde. Pretende-se que no futuro haja uma centralização destes serviços de esterilização, quando atualmente cada hospital tem uma central própria, esperando-se que haja ganhos de eficácia e também poupanças para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Antes da poupança há aqui uma questão crítica que é a da segurança. As boas práticas a nível internacional recomendam que este tipo de equipamentos possa ser centralizado. O valor [da poupança] vai depender dos hospitais que aderirem e da expansão da própria central. Mas esta é uma tendência que é praticada na Europa e que visa incrementar a segurança e utilizar mais racionalmente os recursos”, justificou o ministro em declarações à Lusa.

Numa primeira fase, a central de esterilização, que deve começar a funcionar dentro de um ano, está pensada para dois centros hospitalares de Lisboa: Norte e Ocidental. Segundo explicou Paulo Sousa, presidente do SUCH, numa segunda fase pretende-se conseguir associar o Lisboa Central e, numa terceira fase, poder alcançar toda a área de influência de Lisboa e Vale do Tejo.

Para um futuro mais distante, o SUCH admite conseguir tratar do material para esterilizar do Alentejo e do Algarve: “Quando começámos na área das lavandarias nunca se pensou que uma lavandaria central em Lisboa chegasse ao Alentejo e Algarve como já chega há cinco anos”.

Desta forma, uma única central de esterilização poderá vir servir Lisboa e toda a zona sul do país. Paulo Sousa sublinha que nenhum hospital é obrigado a querer aderir e enviar os seus materiais para serem tratados pela central do SUCH, mas admite que terá uma elevada quota de mercado. “Há no país centrais muito bem equipadas e certificadas mas também encontramos exatamente o seu inverso”, reconheceu.

A central vai ocupar um edifício com uma área de cerca de três mil metros quadrados que estava sem utilização. O presidente do Centro Hospitalar que agrega o Pulido Valente definiu a assinatura do memorando para a instalação da central como “o primeiro ato” que dá início ao parque de saúde.

Neste parque de saúde irão ainda funcionar o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos (SICAD) e também todos os serviços do Instituto Português do Sangue e da Transplantação.

Será mantida toda a área hospitalar tradicional do Pulido Valente, com tradição na pneumologia e cirurgia. O número de consultas deverá ser aumentado tal como o número de meios complementares de diagnóstico e terapêutica.

Carlos Martins adianta que todo o património do Pulido Valente se manterá público, sem alienação, sendo os investimentos feitos pelas instituições que vão ocupar o parque da cidade.

Atualmente, o Pulido Valente tem uma utilização máxima dos seus edifícios que não vai além dos 60% e pretende partilhar os restantes com outras instituições. “Nunca me passou pela cabeça fechar este hospital que é fundamental para a cidade e para o país. Sempre acreditámos no potencial de revitalização”, afirmou o administrador do Centro Hospitalar, consciente de que chegou, publicamente, a ser lançadas dúvidas quanto ao futuro do Pulido Valente.