O Sistema de Gestão da Qualidade do Hospital Garcia de Orta (HGO) foi re-acreditado pelo Caspe Healthcare Knowledge Systems (CHKS), um dos organismos internacionais mais prestigiado no domínio da acreditação de organizações de saúde.
“Geograficamente somos o primeiro hospital de referência a Sul do Tejo reconhecidos Internacionalmente pelas nossas práticas de excelência”, afirmou em entrevista ao Hospital do Futuro (HdF) Ana Terezinha Rodrigues, coordenadora da Comissão da Qualidade e Segurança do Doente do Hospital Garcia de Orta. E acrescentou que de futuro é intenção “continuar a apostar e a desenvolver a garantia da qualidade dos cuidados de saúde que prestamos aos nossos doentes e aos seus familiares”.

HdF: O que representa para o Hospital Garcia de Orta (HGO) a re-acreditação pelo Caspe Healthcare Knowledge Systems (CHKS)?
Ana Terezinha Rodrigues (ATR): A re-acreditação pelo CHKS a esta Instituição é o reconhecimento das boas práticas existentes e da tomada de consciência da qualidade em todos os seus processos organizacionais. O processo de acreditação, com o qual nos comprometemos desde o ano 2000, permite-nos proporcionar uma estrutura de garantia da qualidade e de melhoria contínua dos cuidados de saúde na procura da gestão da qualidade total, a qual disponibilizamos quer à população da nossa área de influência, quer à de outras áreas com quem temos protocolos estabelecidos.

HdF: O que implicou para as várias equipas atingir este reconhecimento? Foi um processo demorado?
ATR: Esta já é a segunda vez que somos reconhecidos com o prémio de acreditação. A primeira foi em 2011 e disse respeito ao processo de 2008-2011 e, a segunda ao processo de 2012-2015. Sempre que nos propomos ao prémio de acreditação, existe um conjunto de normas às quais temos de dar resposta, e que se têm vindo a tornar cada vez mais exigentes no que respeita à qualidade e segurança do doente. Normalmente estes processos têm um período de aplicação e cobertura de cerca de três anos.
Quanto à implicação que este processo tem tido nas nossas equipas e o que ele representou para elas foi seguramente muito esforço, envolvimento e melhorias significativas nos seus processos organizacionais. Os serviços têm-se empenhado de forma crescente, estando a adesão à acreditação e à certificação, no seu cerne, cada vez mais consolidada. Em 2011 só tínhamos dois serviços certificados pela ISO 9001:2008, e hoje já temos seis serviços certificados pelas ISO e várias solicitações de outros.

HdF: Em termos práticos, de que forma é consolidada a qualidade dos cuidados prestados aos utentes?
ATR: A consolidação deste processo é realizada através da implementação de um conjunto de normas do Programa de Acreditação do CHKS, as quais permitem ao HGO assegurar que o seu sistema de prestação de cuidados é de elevada qualidade e é replicável de forma consistente na organização. Estas normas foram desenvolvidas a nível internacional com o aconselhamento de organizações profissionais, de representantes dos interesses dos doentes, dos cuidadores e dos profissionais de saúde, bem como de organismos legislativos e empregadores. Para além deste trabalho de campo, anualmente o hospital é sujeito a um conjunto de auditorias internas para preparação da auditoria externa realizada pelos auditores do CHKS, os quais têm no seu currículo uma vasta experiência em saúde e o reconhecimento de uma prática dedicada à melhoria contínua da qualidade. 

HdF: Como é garantida a segurança de utentes e de profissionais?
ATR: A garantia, cuja responsabilidade recai sobre a Governação Clínica tem subjacente uma política organizacional que recorre a estruturas, sistemas e processos que visam a segurança do doente e dos profissionais, e minimizam os riscos associados aos cuidados de saúde.

Na segurança do doente são exemplo as políticas e procedimentos nas áreas da Identificação dos Doentes, da notificação de incidentes e eventos adversos, do Consentimento Informado, da Proteção dos Doentes Vulneráveis, da Cirurgia Segura Salva Vidas, da Proteção das Crianças e jovens em risco, da passagem da Informação sobre os Doentes, entre outros.
Relativamente aos profissionais e à segurança e saúde no trabalho, o Serviço de Saúde Ocupacional tem um papel preponderante, uma vez que a sua responsabilidade é garantir as intervenções médicas e técnicas que possam promover e proteger a saúde dos profissionais, na sua prática clinica diária. Para isso, contribuem com aconselhamento, formação e promoção de comportamentos que previnem a exposição aos riscos, e monitorizam de forma contínua os acidentes no trabalho.
Temos também uma série de estruturas que vão desde as Comissões da Qualidade e Segurança do Doente, do Risco Clinico e Não Clinico, do Controlo de Infeção, de Auditoria Clinica, de Antibióticos, de Farmácia e Terapêutica e de Transfusão, a um conjunto de equipas e grupos de trabalho, que são responsáveis por implementar, monitorizar e auditar, a prática clínica, a gestão dos medicamentos, a gestão dos resíduos, a segurança contra incêndios, a avaliação dos risco clínico e não clinico dos cuidados prestados, bem como desenvolver práticas consolidadas de notificação e gestão de incidentes.
HdF: Como é perspetivado o futuro do Sistema de Gestão da Qualidade do HGO? Que apostas a ser feitas ao nível de acreditações?
ATR: Considero que as apostas devem ter uma conduta de continuidade, pois como pode ser verificado, estes processos obrigam a uma mudança na cultura organizacional. Trata-se sobretudo de mudar os comportamentos dentro da organização, para práticas que garantam a sua reprodutibilidade e rastreabilidade de forma sistemática, nas quais os profissionais são aqueles que assumem a maior responsabilidade pelo sucesso da implementação do Sistema de Gestão da Qualidade. Este tipo de escolhas e apostas deve ter horizontes de médio a longo prazo, pois caso contrário, arriscamo-nos a obter insucesso na sua implementação, uma vez que as mudanças culturais das organizações nunca se fazem no curto prazo.

HdF: Vão continuar a apostar na qualidade dos serviços prestados aos utentes?
ATR: Claro, essa é a nossa aposta. Geograficamente somos o primeiro hospital de referência a Sul do Tejo reconhecidos Internacionalmente pelas nossas práticas de excelência. Queremos não só manter mas também continuar a apostar e a desenvolver a garantia da qualidade dos cuidados de saúde que prestamos aos nossos doentes e aos seus familiares. 
Por Sofia Filipe