O Hospital de Santo André, unidade do Centro Hospitalar Leiria-Pombal, tem disponível uma bolsa de tradutores em nove línguas europeias e 13 voluntários para apoio no tratamento de utentes estrangeiros.

Segundo o administrador da Gestão de Doentes, José Carlos Borges, o projeto iniciado em 2005 é “uma peça fundamental na humanização dos cuidados de saúde do hospital”.

Este responsável considerou que o hospital tem de “dar resposta” a todos os utentes que procuram cuidados de saúde, pelo que este pretende “facilitar a comunicação entre utentes estrangeiros e profissionais de saúde”.

José Carlos Borges lembrou que Leiria está próximo de Fátima, que “gera um grande número de utentes” estrangeiros, nomeadamente no serviço de urgência, onde a tradução é requisitada.

A bolsa de tradutores é constituída por profissionais do hospital, como assistentes operacionais e técnicos, enfermeiros e médicos.

“No início ajudaram-me a expressar em português, agora sou eu que ajudo outras pessoas. Sei como é estar sozinho sem falar a língua do país. Quando eu apareço junto destes utentes e falo na sua língua materna vejo a felicidade nos seus olhos, que brilham”, disse Yaroslav, natural da Ucrânia e técnico do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais.

Além de ucraniano, Yaroslav fala também polaco e russo.

“Agora há mais turistas que residentes. Quando me ouvem falar a sua língua explicam logo todas as queixas e até falam da família...”, disse à agência Lusa.

À semelhança de Yaroslav, também Margarida Castro, assistente técnica, integra a bolsa de tradutores. “Os utentes ficam mais tranquilos e menos ansiosos ao saberem que alguém fala a língua deles e o mesmo acontece com os médicos”, afirmou a 'tradutora', que não se limita a ajudar a comunicação na urgência entre médico e doente.

Margarida Castro explica aos utentes a legislação portuguesa no âmbito da Saúde e as formas de pagamento utilizadas em Portugal ou “quando o médico quer dar alta e precisa de transmitir ao doente os cuidados” que terá de manter.

“É importante que o profissional de saúde saiba quais são exatamente as queixas dos utentes”, referiu José Carlos Borges, adiantando que a tradução não só “facilita o acesso à saúde”, como também “é uma forma de dizer às pessoas que têm garantido o acesso à saúde, mesmo estando ilegais”.

O responsável explicou que o funcionamento do serviço passa por uma chamada telefónica para o 'tradutor' que, quando se encontra no hospital, vai para junto dos doentes; quando não está ao serviço, faz a tradução via telefone.

Alemão, castelhano, francês, húngaro, inglês, italiano, polaco, russo e ucraniano são as línguas atualmente disponíveis. As restantes línguas estão disponíveis no Serviço de Tradução Telefónica do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, que tem a capacidade para traduzir 60 línguas.

O projeto também tem desenvolvido guias do utente em ucraniano e inglês e cartazes em francês, inglês e ucraniano, que explicam aos utentes que o hospital disponibiliza um serviço de tradução gratuito.

Em 2007/08, a bolsa de tradutores foi distinguida com o primeiro prémio Hospital do Futuro na categoria de Serviço Social.

Para facilitar o entendimento com as pessoas com deficiência auditiva, José Carlos Borges admitiu “caminhar para a formação de alguns profissionais de saúde”.

08 de junho de 2012

@Lusa