As transformações implementadas para o efeito começaram a ser introduzidas no hospital em fevereiro, na sequência da anulação, por parte do Governo, do processo de transferência dessa unidade para a gestão da Santa Casa da Misericórdia de S. João da Madeira.

"Vamos ter mais volume de produção cirúrgica, não só porque o hospital passará a dispor de uma maior variedade de especialidades médicas, mas também porque vamos garantir ao bloco operatório uma utilização plena e permanente entre as 08:00 e as 20:00, o que antes não acontecia", revelou à Lusa Miguel Paiva, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga (CHEDV), que tutela a unidade de S. João da Madeira.

"A utilização do bloco será possível nesse horário alargado porque vamos retomar a pernoita de utentes, que fora suspensa em março de 2015 e agora regressa com 10 camas já disponíveis para isso no imediato", acrescenta.

O plano de revitalização em causa está orçado em 371.000 euros e vem sendo totalmente suportado pelo CHEDV, que, entre as mudanças operadas no hospital de S. João da Madeira, incluiu a reformulação da Consulta Aberta de Medicina Geral, de forma a que essa passe a ser articulada diretamente com o Serviço de Urgência do Hospital S. Sebastião, na Feira.

Para Miguel Paiva, conseguiu-se assim "melhorar a comunicação entre as duas unidades, o que agiliza a articulação técnica quando se impõe transferir utentes da unidade de S. João da Madeira para a da Feira".

O Bloco Operatório, por sua vez, atuará agora em sete especialidades de ambulatório: nas cinco que já privilegiava, nomeadamente Cirurgia Geral, Oftalmologia, Ortopedia, Urologia e ainda Ginecologia, que se alargará em setembro a novos procedimentos; e também nas novas áreas de Otorrinolaringologia e Cirurgia Plástica, sobretudo no que se refere a intervenções "mais simples como a remoção de sinais em áreas corporais sensíveis e a reconstrução física após tratamentos a obesidade".

Já no que se refere às consultas externas, o plano de revitalização já retirou ao hospital as especialidades de Dor e Cuidados Paliativos, transferindo-as para a terceira unidade sob tutela do CHEDV. "Não fazia sentido ter a unidade de internamento de Cuidados Paliativos no Hospital de Oliveira de Azeméis e ter a consulta de Cuidados Paliativos em S. João da Madeira, pelo que decidimos concentrar tudo no mesmo local", explica Miguel Paiva.

A unidade sanjoanense mantém, contudo, a consulta externa nas outras 10 especialidades que já acolhia anteriormente, acrescentando-lhes, em contrapartida, mais quatro: Obesidade, Diabetes, Pediatria e Pedopsiquiatria.

Quanto à oferta de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, são três as principais mudanças operadas em S. João da Madeira: uma, já em vigor, consiste na possibilidade de os utentes portadores de um P1 emitido pelos centros de saúde poderem realizar análises clínicas no próprio hospital, quando antes só o podiam fazer em laboratórios privados.

As outras duas serão implementadas em setembro e dotarão o hospital de condições para proceder a reabilitação pediátrica e também à do pavimento pélvico, que se destina sobretudo a mulheres com mais de 60 anos.

Já no que concerne aos serviços do Hospital de Dia, a oferta relativa à Dor também passou para Oliveira de Azeméis, mas foi já reforçada a da área de Psiquiatria, através da implementação de cursos de prevenção do suicídio, a criação de um grupo de psicoeducação para familiares de utentes com patologias graves e distúrbios de comportamento, e a introdução de novos projetos de tratamento integrado e reabilitação para doentes mentais.

Assegurar essa oferta alargada de serviços passará agora por também integrar nos quadros do CHEDV os 25 novos médicos que já foram recrutados para o efeito e entrarão em funções em setembro, o que, segundo Miguel Paiva, "irá conferir maior estabilidade aos Recursos Humanos e proporcionar um novo impulso a este projeto".

Com Lusa