Os dados, a que a agência Lusa teve acesso, indicam, ainda, que a maioria destes casos relativos a crianças (15) foram sinalizados no serviço de Urgência do hospital do Divino Espírito Santo como situações de maus-tratos físicos e abuso sexual, enquanto quatro casos foram identificados nos serviços de internamento de menores (neonatologia e pediatria), tendo ainda sido sinalizados na consulta externa sete casos de negligência parental.

Em 2014, e segundo a maior unidade de saúde dos Açores, foram remetidas às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens ou Ministério Publico 16 situações que englobam suspeitas de maus-tratos físicos e negligência parental.

Os serviços do Hospital de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, sinalizaram ainda no mesmo ano três casos de alegados maus-tratos psicológicos e negligência parental.

Já no ano passado foram enviadas sete situações às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens ou ao Ministério Público por suspeita de maus-tratos, três das quais por suposto abuso sexual, duas por suspeita de maus-tratos físicos, "uma que configurava suspeita de negligência parental e outra por maus-tratos psicológicos".

Segundo avançou o hospital, os casos de negligência parental referem-se especificamente a situações ao nível da alimentação das crianças e omissão de cuidados de saúde, sobretudo "as faltas a consultas e tratamentos programados e não administração de medicação prescrita".

Relativamente aos maus-tratos físicos, a unidade de saúde sustenta que se reportam exclusivamente a suspeitas de agressão física, havendo ainda situações de crianças e jovens expostos a contextos de violência, em especial, conjugal.

Nos últimos dois anos, o hospital de Ponta Delgada remeteu também ao Ministério Público dois casos por suspeita de agressão a idosos e mais dois por negligência, devido à suspeita de omissão ou inadequada prestação de cuidados de saúde.

Metade destas situações relativa aos idosos foram sinalizadas no serviço de Urgência e referem-se à suspeita de agressão física, enquanto as restantes foram reportadas a partir dos serviços de internamento.

O hospital de Ponta Delgada garantiu à Lusa que sempre que é detetada alguma criança em situação de perigo, o serviço social "é chamado a intervir e, em articulação com a equipa clínica", faz "um diagnóstico tendo em conta os fatores e indicadores de risco".

A intervenção "implica o estudo da situação socioeconómica e familiar" e uma "avaliação das capacidades e dificuldades da família", assegurou o hospital, que dispõe "de procedimentos de intervenção multidisciplinar" para estes casos.