“Quem entrar no hospital, é muito pouco provável que fique contaminado por essa bactéria” porque os portadores “estão nas zonas de alto risco e já foram rastreados” informou a Coordenadora do Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobiano do Centro Hospitalar Gaia/Espinho (CHVNG/E).

A responsável por controlar o tratamento microbiano dos pacientes identificados acrescentou, porém, que “há sempre um ou outro que pode escapar”, assegurando contudo que “nas enfermarias onde deu caso positivo está encerrada a entrada a novos doentes até existir a certeza que não há mais nenhum caso”.

“Depois, são feitas as respetivas desinfeções em profundidade das enfermarias”, assinalou Margarida Mota, segundo a qual a desinfeção “já está a ser feita há algumas semanas”.

Questionada sobre a segurança em recorrer agora àquela unidade de saúde, a responsável respondeu: “É a altura ideal porque está tudo em alerta. Está tudo a tomar medidas preventivas, toda a gente a lavar as mãos”.

No centro hospitalar de Gaia foram identificados, desde 07 de agosto, 30 doentes portadores da bactéria multirresistente Klebsiella Pneumoniae, oito dos quais morreram sem que a causa possa ser atribuída diretamente à infeção e nove já tiveram alta.

A clínica sublinhou que este micro-organismo “é mortal porque é uma bactéria resistente a antibióticos", ou seja", "a probabilidade de eles atuarem não é eficaz como com uma bactéria sensível”.

“A forma de contaminação é por via contacto. É o contacto com o doente e não é obrigatório ser as [com] suas secreções. Pode ser até o meio ambiente do doente, a cama, as grades, porque o reservatório desta bactéria é a parte intestinal”, explicou.

Assim, “os doentes operados ao cólon, vesículas ou com manipulação do tubo digestivo têm risco acrescido” e “se o doente toca nas grades da cama, se outra pessoa vai lá, toca nas grades e a seguir vai tocar noutro doente, corre o risco de passar a bactéria”.

Os 30 pacientes foram contaminados em meio hospitalar e a unidade de saúde considera ser muito provável que a bactéria se tenha desenvolvido como “efeito colateral da terapêutica com antibióticos” ministrada a uma paciente que depois partilhou um pós-operatório com um doente com pneumonia.

Margarida Mota esclareceu que “o perigo desta bactéria é a rápida disseminação e apanhar pessoas suscetíveis”, referindo ainda que a “grande maioria dos doentes colonizados não vai desenvolver clínica nenhuma de infeção”.

“Agora, se eu invadir o doente com cateter, se eu fizer terapêuticas imunossupressoras, se eu fizer medidas invasivas, aumento o risco de a bactéria causar infeção porque estou a introduzi-la diretamente no interior do organismo do doente”, realçou.

A bactéria em causa “sobrevive na pele das pessoas, no meio ambiente, não tem uma duração muito longa” mas desconhece-se quanto tempo resiste fora do corpo humano, razão pela qual o mecanismo de vigilância junto de todos os portadores, mesmo os que já tiveram alta, “fica ativo” o tempo que “for necessário”.

As manifestações podem ser “urinárias em doentes algaliados, pode dar pneumonias, pode dar quadros de peritonite nos doentes operados com manipulação do abdómen ou com feridas cirúrgicas”.

Contactados pela Lusa, fontes dos hospitais do Santo António e São João no Porto informaram não ter atualmente nenhum caso de infeção por esta bactéria e que tais situações são tratadas segundo normas da Direção Geral da Saúde que remeteu para quinta-feira uma nota sobre o caso.

Já a Administração Regional da Saúde do Norte remeteu qualquer informação para o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.