“O que nós fizemos foi a realização de um transplante de tecido ovárico criopreservado de uma doente oncológica antes de se submeter a um tratamento de quimioterapia”, disse à agência Lusa a diretora do serviço de Medicina de Reprodução Humana do CHUC, Teresa Almeida Santos.

Essa intervenção numa doente, de 28 anos, visou “preservar a sua fertilidade futura” e foi realizada, no início de novembro, no âmbito do programa de preservação da fertilidade iniciado, em 2010, naquele serviço do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, acrescentou.

O Hospital de São João acusou hoje o CHUC, presidido pelo médico José Martins Nunes, de “violar todas as regras da ética profissional” ao anunciar, no dia 23 de novembro, ter efetuado três semanas antes o primeiro transplante de tecido ovárico em Portugal.

Numa exposição enviada ao presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, o magistrado Eurico Reis, a administração do Centro Hospitalar de São João, reivindica para si esse feito, afirmando ter realizado a 08 de janeiro deste ano o primeiro transplante de tecido ovárico em Portugal.

“Trata-se de um mal-entendido”, disse Teresa Almeida Santos, que é também presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução.

A 23 de novembro, o CHUC anunciou que a equipa dirigida por aquela professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra realizou, com êxito, o primeiro transplante em Portugal de tecido ovárico congelado com o objetivo de devolver a capacidade reprodutiva a uma doente oncológica.

“Tanto quanto sei, o transplante realizado no Hospital de São João não foi realizado numa doente oncológica, nem no âmbito de um programa de preservação da fertilidade”, afirmou hoje à Lusa.

Tendo tomado conhecimento da posição assumida pelo hospital do Porto junto do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, Teresa Almeida Santos revelou ter enviado de imediato o seu esclarecimento ao presidente do organismo, Eurico Reis.