"Não se trata de nenhuma privatização, porque o Estado não vai vender o hospital a um operador privado", frisou o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, referindo que "aquilo que se discute é a devolução da gestão à [Santa Casa da] Misericórdia", como já aconteceu nos hospitais de Fafe, Anadia e Serpa.

Caso tal se concretize, o hospital "mantém-se no Serviço Nacional de Saúde", em que "as pessoas com vínculo ao Estado continuam com esse vínculo", disse Fernando Leal da Costa, à margem da assinatura de um acordo de cooperação com a Fundação Nossa Senhora da Guia, que teve lugar na Administração Regional de Saúde do Centro, em Coimbra.

Com a cedência à Santa Casa da Misericórdia de hospitais que são propriedade dessa mesma entidade, o Estado garante, segundo o governante, "uma melhor economia de recursos", num espaço onde antes tinha de pagar uma renda.

Apesar disso, o secretário de Estado referiu ter "dúvidas" que o processo de cedência da gestão do Hospital de Cantanhede esteja terminado "até ao final de 2015", sendo uma "negociação complexa", em que se tem de avaliar se a devolução da gestão passa a ser uma "mais-valia".

Sobre a diminuição dos dias de semana de consulta nas extensões de saúde de Cantanhede e encerramento de extensões de saúde, Leal da Costa sublinhou que essas medidas foram tomadas para se eliminarem "redundâncias", reduzindo a oferta para se prestar uma serviço "adequado às necessidades das populações".

"Com ou sem mudança de gestão, as alterações iam acontecer. Não tem que ver com uma privatização", assegurou.

De acordo com o secretário de Estado, está agora a decorrer uma segunda fase de negociação com "possivelmente três misericórdias", para a cedência de outros hospitais, que serão divulgadas em breve.

O Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) e sindicatos da função pública, médicos e enfermeiros promovem no sábado uma caravana automóvel e uma vigília de protesto, em Cantanhede, contra a eventual privatização do hospital local.

O protesto segue-se à promoção de um abaixo-assinado que reuniu, de acordo com o MUSP, mais de 5.000 assinaturas, e que foi entregue na Assembleia da República.