1 de julho de 2014 - 11h11
O presidente do Conselho de Administração do Hospital de Barcelos, Fernando Marques, admitiu hoje que a “enorme escassez” de médicos com que aquela unidade se confronta, particularmente nas áreas cirúrgicas, “poderá, eventualmente, levar a algumas práticas menos aconselháveis”.
“A enorme escassez de médicos com que o Hospital de Santa Maria Maior se confronta, particularmente nas áreas cirúrgicas, poderá, eventualmente, levar a algumas práticas menos aconselháveis, mas o corpo clínico da instituição saberá, necessariamente, encontrar o ponto de equilíbrio entre a satisfação das necessidades assistenciais dos seus doentes e as boas práticas que a segurança de doentes e profissionais aconselha”, refere Fernando Marques, em nota enviada à agência Lusa.
O responsável reagia, assim, às declarações hoje proferidas pelo presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que em conferência de imprensa denunciou que “a limitação nos quadros tornou prática habitual a realização de cirurgias com apenas um cirurgião presente”.
“O ajudante fica na consulta externa. Esta prática já se estendeu à cirurgia de ambulatório de ortopedia e otorrinolaringologia”, lamentou Miguel Guimarães.
Este responsável disse ainda que a urgência pediátrica do Hospital de Barcelos “está comprometida”, porque, no início do mês, “ficou apenas com um médico pediatra”, mas Fernando Marques nega, acrescentando mesmo que aquela será a “única especialidade” que não tem carência de médicos.
“Com toda a certeza que [a urgência pediátrica] não está comprometida, pois não há qualquer falta de médicos nesta especialidade. Diremos mesmo que será a única especialidade médica neste hospital que não tem carência de médicos, face à procura de doentes nas diferentes áreas de intervenção (urgência, consultas externas, hospital de dia e internamento)”, refere o administrador.
Sublinha que desde o princípio de 2014 até 31 de maio, a média de doentes que acorreram por hora à urgência pediátrica foi de 3,0 (no período diurno) e 0,9 (no período noturno).
“Assim, será fácil concluir que um médico pediatra apoiado pelo sector de triagem médica é mais do que suficiente para uma prestação de qualidade”, acrescenta.

Miguel Guimarães disse ainda que na urgência geral do Hospital de Barcelos existe “muitas vezes apenas um clínico geral, quando estão previstos três”, o que deixa doentes à espera “até cinco e sete horas”.
O responsável do hospital contrapõe que o setor de triagem médica do Serviço de Urgência dá apoio a todas as especialidades médicas e cirúrgicas, “estando sempre previstos, nesse setor, três médicos no período diurno e um no período noturno”.
Admite que nas situações em que se verifica a falha de algum médico “o número de efetivos pode ser, pontualmente, inferior ao desejado e os períodos de espera mais dilatados”.
“Para evitar que essas situações de ausências pontuais de médicos aconteçam, está em fase de conclusão um processo concursal com uma empresa prestadora de serviços médicos que permitirá a ausência de falhas de recursos médicos e assegurando, assim, na triagem médica, três médicos no período diurno e um no período noturno”, garante.
Quanto ao Serviço de Ortopedia, que a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos garante ser o que regista os problemas mais graves, com doentes traumatizados quer “aguardam muitas vezes mais de uma semana para serem tratados”, o administrador do hospital reconhece haver uma “carência enorme” de médicos.
“A situação na especialidade de Ortopedia é, desde há algum tempo, de uma carência enorme de efetivos, pois temos quatro especialistas em funções, um dos quais a exercer o cargo de diretor clínico, para além do apoio de algumas horas no Serviço de Urgência de prestação de serviços”, refere Fernando Marques.
Refere que o hospital tem apenas quatro especialistas em funções mas sublinha que já foram abertos concursos para admissão de mais três.
Por Lusa