A decisão de instaurar um processo de inquérito foi divulgada num comunicado, hoje enviado à agência Lusa, pelo conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), após o PCP ter questionado o Governo sobre o caso, indicando que aos familiares foi dada a informação de que o idoso não era internado porque não existiam camas de oncologia disponíveis.

No esclarecimento hoje divulgado, a ULSBA, que integra o Hospital José Joaquim Fernandes (HJJF) em Beja e todos os centros de saúde do distrito, com exceção do de Odemira, afirma que "há instruções claras da direção clínica hospitalar para o internamento destes doentes, nos diferentes serviços do hospital".

"Não é, portanto, regular o tempo de permanência no serviço de urgência, havendo capacidade de internamento nos serviços atualmente existentes no HJJF", considera a administração, que decidiu instaurar o processo de inquérito.

O inquérito, segundo o comunicado, pretende também apurar "se foram cumpridos os procedimentos habituais de referenciação para o internamento".

Indicando que se trata de um doente oncológico "com necessidade de cuidados paliativos", a ULSBA esclarece que o idoso está internado desde sexta-feira no Serviço de Ortopedia e que cumpriu a sua última sessão de radioterapia na segunda-feira, tendo sido "devidamente orientado pela Equipa de Gestão de Altas para a rede de Cuidados Paliativos".

A administração da unidade considera ainda que "o tempo de permanência no hospital, para além de esclarecimento da sua situação clínica, contribuiu sobretudo para facilitar os seus tratamentos", uma vez que é residente em Mértola, e "preparar a sua referenciação para a rede de cuidados paliativos".

Lembrando que "nunca existiu" no hospital de Beja um serviço de internamento de oncologia, nem um serviço de cuidados paliativos, a ULSBA reitera que, relativamente aos doentes oncológicos, nas suas várias fases de doença, existe na unidade hospital "capacidade de internamento em todos os serviços considerando as suas patologias de base".

Os responsáveis asseguram ainda que, do ponto de vista técnico, a ULSBA "tem as condições necessárias e adequadas ao tratamento dos doentes oncológicos" e "tem capacidade para todos os doentes que cumpram os critérios específicos de internamento em todos os serviços do hospital".

Numa pergunta dirigida ao Ministério da Saúde, os deputados do PCP João Ramos e Carla Cruz referem que "o doente esteve seis dias no corredor da urgência em condições que não são as adequadas" e perguntam porque razão "não foi encontrada uma solução de internamento para um doente oncológico".

Fonte do gabinete de comunicação da ULSBA disse hoje à agência Lusa que não foi recebida "formalmente" nenhuma queixa dos familiares do idoso.