Os internamentos nos hospitais públicos aumentaram 32,6 por cento, entre 2000 e 2008, e as mortes entre os internados subiram cerca de 25 por cento, segundo o livro "A Morte e o Morrer em Portugal", que é hoje apresentado.

Em 2000, registaram-se 37.224 mortes entre os internados, que subiram para 46.450 em 2008.

O número total de internamentos é superior nas mulheres em todo o período analisado. Em 2008, registaram-se 457.815 internamentos de mulheres e 404.384 de homens.

Contudo, o número total de óbitos é superior nos homens, o que resulta numa taxa de letalidade intra-hospitalar muito superior (homens 6,2 por cento e mulheres 4,6 por cento em 2008).

A distribuição dos episódios de internamento por idades mostra aumentos em todos os grupos etários, com exceção dos mais jovens (decréscimo relativo de 14,5 por cento).

"Como seria expectável, tendo em conta a evolução demográfica, é nas idades mais avançadas que se têm registado os maiores aumentos relativos (85 e mais: 75,6 por cento e 75-85 anos: 64,0 por cento)", refere o livro da autoria de Maria do Céu Machado, Luísa Couceiro, Isabel Alves, Ricardo Almendra e Maria Cortes, que será apresentado hoje em Lisboa.

A evolução do número de óbitos de doentes internados, segundo o grupo etário, é semelhante à dos episódios de internamento. Assim, registaram-se no período analisado aumentos relativos dos 45 aos 64 anos (10,4 por cento), dos 75 aos 84 anos (36,5 por cento) e aos 85 e mais anos (70,4 por cento) e um decréscimo dos 15 aos 24 anos (49,1 por cento) e dos 25 aos 44 anos (22,0 por cento).

A tendência de aumento no número de internamentos e de óbitos em internamento verificou-se em todo o país, mas foi no Algarve que se verificou a maior subida (55,0 por cento) bem como dos óbitos em doentes internados (57,5 por cento). Em oposição, o Alentejo foi o que apresentou o menor aumento relativo (22,5 por cento e 16,9 por cento, respetivamente).

As doenças do aparelho circulatório são as causas de internamento mais representativas, totalizando, em 2008, 136.793 episódios (15 por cento do total), seguidas pelas digestivas (104.549 episódios), respiratórias (80.429 episódios), geniturinárias (75.851) e tumores malignos (73.413 episódios).

Por outro lado, as doenças do aparelho respiratório, circulatório e tumores malignos são as causas de óbito mais preponderantes (24,7 por cento, 23,3 por cento e 22,5 por cento do total, respetivamente). A taxa de letalidade intra-hospitalar é superior nas doenças infeciosas e parasitárias (15,4 por cento), nos tumores malignos (14,3 por cento) e nas doenças respiratórias (14,3 por cento).

O maior crescimento no número de internamentos verificou-se nas perturbações mentais e do comportamento (88,1 por cento), seguidas pelas doenças geniturinárias (54,4 por cento) e do sistema osteomuscular/tecido conjuntivo (47,9 por cento).

Já o maior número de óbitos em internamento registou-se nas doenças geniturinárias (85,2 por cento), respiratórias (66,8 por cento) e infeciosas e parasitárias (58,7 por cento).

Os internamentos hospitalares por causas externas aumentaram 14,6 por cento entre 2000 e 2008. Em ambos os sexos houve uma tendência crescente, com especial expressão nas mulheres comparativamente aos homens (26,9 por cento e 5 por cento, respetivamente).

As quedas acidentais são as causas externas mais representativas nos episódios de internamento e óbitos, enquanto as lesões não identificadas como acidentais ou intencionalmente infligidas são as principais responsáveis pela letalidade intra-hospitalar.

Entre 2000 e 2008, das causas externas observadas, os acidentes de transporte foram os que registaram os maiores decréscimos no número de episódios de internamento e óbitos (58,7 por cento e 51,9 por cento, respetivamente) e os homicídios/agressão na taxa de letalidade intra-hospitalar (33,5 por cento).

22 de setembro de 2011

Fonte: Lusa