10 de julho de 2013 - 09h44
O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, revelou na terça-feira que a intervenção na Colina de Santana, nomeadamente nos hospitais dos Capuchos, São José e Santa Marta, e no já desativado Miguel Bombarda, visa financiar a construção do Hospital de Todos-os-Santos.
A Estamo, imobiliária de capitais exclusivamente públicos e detida pela Parpública, entregou à Câmara de Lisboa vários projetos que prevêem a conversão daqueles quatro hospitais em espaços com valências hoteleiras, de habitação, comércio, estacionamento e lazer.
Em declarações à Lusa, Manuel Salgado, recordou que há cerca de quatro anos o Ministério da Saúde (na altura liderado por Ana Jorge) demonstrou vontade de transferir os hospitais da Colina de Santana para um novo hospital na zona oriental de Lisboa, o Hospital de Todos-os-Santos. Segundo o também vereador do Urbanismo, foi feito um estudo de conjunto para a Colina de Santana, liderado pela arquitecta Inês Lobo, que prevê a transformação daquela zona numa ‘Colina do Conhecimento’, bem como a “salvaguarda do património, que é valiosíssimo”, dos quatro hospitais.
“Definiu-se um critério: os edifícios de valor patrimonial devem ser transferidos para a Câmara de Lisboa. Os que foram construídos a partir dos anos 50, sem valor, e que são acrescentos devem ser demolidos para libertar espaços e criar mais espaços públicos. E podia ser admitida a construção de comércio, serviços e habitação para se conseguir a rentabilização que é necessária para financiar o novo hospital”, explicou o vice-presidente.
Manuel Salgado, que tem o pelouro do licenciamento urbanístico, afirmou que a reconversão destes quatro hospitais – dos quais apenas o Miguel Bombarda está já desactivado – “serve para financiar o Hospital de Todos-os-Santos”.
O vereador disse desconhecer estimativas de investimento nos quatro hospitais e de possível retorno para o financiamento do novo centro hospitalar, mas admitiu que estes projetos levem mais de uma década a concluir.
Projetos em discussão pública
O autarca explicou que a entidade promotora apresentou, para já, pedidos de informação prévia (PIP) para começar a “estabilizar o que se pode ou não fazer no conjunto” da Colina de Santana.
Será ainda promovida uma sessão pública de discussão na Ordem dos Arquitetos, um “primeiro passo” que “não invalida” que os projetos sejam “objeto de debate pela Câmara” nem os exclui da obrigatória discussão pública – mais alargada (a legislação prevê 22 dias úteis no mínimo) – aquando do processo de loteamento, assegura Manuel Salgado.
O movimento Fórum Cidadania LX tinha já pedido um prolongamento do período de discussão pública destes projectos.
Segundo a informação disponível na página oficial da Câmara de Lisboa na Internet, para o Hospital de Santa Marta está previsto um hotel com 57 quartos, 90 fogos, 15 lojas, quase 200 lugares de estacionamento e jardins.
Para o Hospital Miguel Bombarda prevê-se a recuperação e a conversão da área de antigo Convento em hotel e em equipamento cultural, 192 fogos, serviços, jardins e um miradouro.
Também para o Hospital dos Capuchos está prevista habitação, serviços, espaços verdes e estacionamento (num silo automóvel).
No caso do projeto para o Hospital de São José, que apenas tem um vídeo disponível para consulta, Manuel Salgado disse que também está prevista habitação, serviços (alguns deles turísticos) e estacionamento.
Lusa