"A execução orçamental foi boa e vamos ter um EBIDTA [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] que é ligeiramente negativo ou mesmo nulo", salientou Martins Nunes, que estima um resultado operacional no intervalo de 2,8 milhões de euros a zero.

Como o EBIDTA de 2015 foi de menos 25,7 milhões de euros, o resultado em 2016 terá uma redução superior a 22 milhões de euros.

O responsável destacou "a consolidação orçamental conseguida através da diminuição de custos e aumento de receitas próprias, que diz bem do esforço feito pelo CHUC e dos seus profissionais para manter a alta qualidade e a disponibilidade na inovação e, simultaneamente, colocar ênfase muito grande neste equilíbrio, que é fundamental para o hospital".

"A gestão rigorosa e integrada dos produtos farmacêuticos (medicamento e reagentes) e a negociação local e central do Ministério da Saúde permitiram um controle da despesa nesta rubrica, com crescimento (ainda provisório) de apenas 2,5% em relação a 2015, numa fatura total 113,6 milhões de euros", sublinhou.

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Martins Nunes frisou ainda que é preciso ter em consideração que em "cinco doentes se investiu quase três milhões de euros" no tratamento de doenças raras, que têm um custo médio por doente superior a 500 mil euros por ano.

Os ganhos no controlo da despesa no medicamento permitiram, segundo o administrador, "a criação de condições para o acesso à inovação nas áreas de oncologia (cancros do pulmão, melanoma, leucemia, mieloma), nas doenças raras, neurologia e doenças autoimunes".

De acordo com Martins Nunes, o CHUC é um dos principais centros nacionais de realização de ensaios clínicos, com cerca de 900 doentes em estudo, que permitiu ganhos em medicamentos de cerca de quatro milhões de euros e receitas diretas provenientes de ensaios clínicos de 1,6 milhões.

Novos investimentos no ano passado

Em 2016, foram também investidos 4,7 milhões de euros em equipamentos e requalificação de instalações, com destaque para os sistemas de neuronavegação em neurocirurgia, microscópios, ecógrafos, internamento de pedopsiquiatria, requalificação dos espaços dos serviços de Medicina-B (Hospital Geral), Serviço de Diálise (Hospital Geral), Serviço de Hematologia Clínica, Serviço de Neurologia e Hospital de Dia Neurologia.

Em termos de produção médica, o responsável salientou que o CHUC cumpriu integralmente a produção assistencial contratada, tendo mesmo ultrapassado em algumas linhas assistenciais, como foi o caso da transplantação hepática, que "bateu todos os recordes".

Além dos 74 transplantes hepáticos, efetuaram ainda 23 transplantes cardíacos, 100 de córnea, 125 renais e 48 autólogos, num total de 300.

Martins Nunes destacou ainda que, em 2016, o CHUC conseguiu 14 Centros de Referência, tornando-se no hospital português com maior número de centros atribuídos e estendeu o seu apoio à região Centro, através de 11 protocolos, o que implica a cedência de profissionais, apoio em consultadoria, telemedicina e formação específica.

Salientou ainda o reforço e consolidação da Via AVC Regional, programa único no país, que "contribui para a coesão regional ao garantir as mesmas possibilidades de acesso a qualquer doente independentemente do local onde resida, ou onde foi acometido da doença".

O ano passado aquela unidade internou 653 doentes e realizou 522 teleconsultas.

Para Martins Nunes, o ano de 2016 fica também marcado pelo reforço da atividade do CHUC dentro da Aliança M8 [G-8 da Saúde] e da Cimeira Mundial de Saúde, com a atribuição a Coimbra da organização da Cimeira Mundial de Saúde Intercalar em abril de 2018.

Portugal está representado desde outubro de 2015 na Aliança M8 pelo consórcio CHUC e Universidade de Coimbra.

A Aliança M8 tem como missão principal a melhoria da saúde a nível global. Promove a investigação translacional, bem como a inovação na abordagem da prestação de cuidados, almejando o desenvolvimento de sistemas de saúde eficazes na prevenção da doença.