”A percentagem de peões mortos entre 2012 e 2013 foi de 60,4% de homens, 36% de mulheres e 3,6% de crianças até aos 14 anos”, o que significa que, em média, “o risco de morte por atropelamento de um homem adulto é cerca do dobro do risco da mulher adulta”, refere a PRP.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da PRP, José Miguel Trigoso, apontou como explicação o facto de os homens correrem mais riscos: “Enquanto na dúvida a mulher não atravessa, o homem atravessa”.

José Miguel Trigoso recordou um estudo desenvolvido pela PRP em 10 cidades do país sobre o comportamento dos peões na passadeira, que envolveu 2.149 peões, dos quais 1.122 eram mulheres, 924 homens e 103 crianças.

Apesar de haver mais mulheres do que homens a atravessarem a rua, as vítimas são muito mais homens, sobretudo, nos atropelamentos graves, adiantou.

5.500 mil pessoas atropeladas no passado

Em 2013, quase 5.500 pessoas foram atropeladas em Portugal continental. No concelho de Lisboa, os acidentes provocaram 670 vítimas, mais de 12% do total nacional, segundo informações da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.

“O problema da sinistralidade dos peões é um dos problemas que consideramos mais graves em Portugal”, disse José Miguel Trigoso, defendendo que para mudar esta realidade é preciso que as passadeiras sejam utilizadas adequadamente pelos peões e que os automobilistas respeitem quem as atravessa.

Citando dados do estudo, José Trigoso disse que a maioria dos peões (78%) utilizou a passadeira, mas 22% atravessaram fora dela, a menos de 50 metros da sua localização, a distância a que é obrigatório utilizá-la.

Questionados os peões sobre a frequência que atravessam fora das passadeiras, 38,5% disse que nunca ou raramente o faz, mas 51,5% admitiram que o fazem às vezes e apenas 10% sempre.

Atravessar fora da passadeira quando está a menos de 50 metros dá multa entre 10 a 50 euros, mas a polícia raramente atua, tal como acontece em grande parte dos países, segundo o responsável, considerando que esta podia ser uma medida preventiva.

“Eu não defendo que isso de repente aconteça, mas numa política geral de proteção ao peão devia ser feita uma pedagogia, um aviso e na sequência disso devia ser feita alguma fiscalização”, mas também aos condutores quando se aproximam de uma passadeira para terem “um comportamento adequado”.

“Também se deve melhorar claramente a localização das passadeiras e garantir que a velocidade de aproximação dos veículos seja sempre inferior a 50km/hora, isso é fundamental e tem de ser garantido através da conceção da via”, defendeu.

José Trigoso ressalvou que, globalmente, a sinistralidade com os peões tem vindo a reduzir, mas ainda continua muito elevada em termos europeus.