27 de maio de 2013 - 11h00
Os homens que sofrem de disfunção eréctil têm mais crenças sexuais, designadamente a ideia do "macho latino", disse um investigador da Universidade do Porto que coordena o laboratório de investigação em sexualidade humana em Portugal.
Nos homens com disfunção eréctil, a crença sexual mais associada é de "macho latino” que nunca pode falhar uma penetração, que “aguenta” toda a noite a fazer sexo e que tem de satisfazer qualquer mulher independentemente das circunstâncias, conta Pedro Nobre, coordenador do SexLab, o primeiro laboratório de investigação em sexualidade humana em Portugal.
O investigador adiantou à agência Lusa conclusões do estudo “Saúde Sexual no Homem e na Mulher”.
A crença sexual mais enraizada em toda a população masculina portuguesa avaliada no laboratório é a do "macho latino" que "nunca pode dizer que não ao sexo" e aquela crença sexual existe em toda a população masculina, independentemente da idade e das habilitações literárias, mesmo junto das populações mais jovens, como os universitários, refere o investigador.
Também as mulheres com crenças sexuais apresentam mais problemas ao nível do prazer sexual.
As crenças sexuais assinaladas nas mulheres com menos habilitações literárias e mais velhas estão relacionadas com a ideia de "passividade feminina", que o sexo deve ser "apenas e só após o casamento" e "apenas e só após o primeiro passo ser dado pelo parceiro".
A ideia de que as mulheres perdem desejo sexual com a idade ou que diminuem a capacidade do seu estímulo sexual por causa da imagem corporal, e a obrigatoriedade de ter boas performances sexuais, designadamente terem orgasmos, orgasmos múltiplos, orgasmos simultâneos ou orgasmos vaginais, são outras das crenças sexuais que surgem no seio do género feminino, adiantou o especialista.
Acrescentou que a liberalização para este tipo de crenças acarreta um "conjunto de consequências negativas", porque a maior parte delas são "irrealistas".
“A probabilidade das crenças sexuais diminuírem o estímulo sexual é “grande”, enquanto que as pessoas com “menos destas crenças têm mais factores de proteção” e interpretam de forma menos catastrófica as disfunções sexuais de que venham a padecer, explicou o investigador.
Outra das conclusões do estudo “Saúde Sexual no Homem e na Mulher”, realizado pelo SexLab, indicam o quão importante é ter “pensamentos sexuais e emoções positivas” na resposta e funcionamento sexual.
A investigação encoraja a adopção de "atitudes positivas face à sexualidade, com vista à promoção da saúde e satisfação sexual”.
Este estudo, financiado em 160 mil euros pela Fundação da Ciência e Tecnologia, valoriza a importância das psicoterapias cognitivas no tratamento das disfunções sexuais, sobretudo ao nível das modificações das emoções e pensamentos negativos associados à atividade sexual que são típicos dos homens e mulheres com estas dificuldades.
“Quem tem estas crenças sexuais tem, por norma, pensamentos mais derrotistas durante a atividade sexual e menos pensamentos sexuais durante a atividade sexual”, explicou Pedro Nobre, reiterando que o “melhor preditor da resposta sexual são os “pensamentos sexuais” e as “emoções sexuais” positivas.

Lusa