A Liga Portuguesa Contra o Cancro comemora esta segunda-feira o seu 70.º aniversário, num momento em que alerta para a necessidade de evitar o desperdício no tratamento da doença.

Em declarações à Lusa, o presidente da Liga, Carlos de Oliveira, defendeu que se devem centralizar os cuidados oncológicos nas instituições com maior capacidade de resposta para evitar desperdícios numa área que, reconheceu, tem muitos custos para o Estado.

Carlos Oliveira destacou que o país enfrenta uma crise financeira preocupante que pode afectar o serviço de saúde e o tratamento do cancro em particular, mas entende que «cortar não é solução».

«Sei que os medicamentos novos introduzidos para o tratamento do cancro são extremamente dispendiosos e o Estado vai ter alguma dificuldade em fazer face a essa despesa. Mas a solução não é cortar nesses medicamentos, é criar uma verdadeira rede de referenciação hospitalar para os doentes oncológicos», disse.

Carlos de Oliveira defendeu, a este propósito, que «o Ministério da Saúde tem de contratualizar com as instituições da rede quais os tumores que essas [instituições] podem e devem diagnosticar e tratar, e quais as [instituições] que não devem abordar a problemática do cancro por serem pequenas e não terem equipas multidisciplinares».

Neste caso, frisou, «estão a gastar dinheiro, a pôr em risco a vida dos doentes e não se estão a utilizar os recursos que existem, que são poucos, na possibilidade de cura dos doentes».

A taxa de mortalidade por cancro tem aumentado em Portugal, bem como noutros países do mundo, ocupando já o primeiro lugar entre as causas de morte, anteriormente ocupado pelas doenças cardiovasculares, de acordo com a Liga.

Em Portugal, o cancro gástrico e o cancro do colo do útero têm registado uma tendência de descida, ao contrário do cancro rectal, o que mais mata em Portugal e afecta cada vez mais mulheres (em detrimento do cancro da mama). Este último tem vindo a agravar-se com a mudança dos estilos de vida, as alterações nutricionais e o envelhecimento da população.

A história da Liga Portuguesa Contra o Cancro começou em 1931, quando um grupo de mulheres criou a Comissão Iniciativa Particular de Luta Contra o Cancro. O trabalho deste grupo na prevenção do cancro e promoção da saúde foi tão notável que, a 4 de Abril de 1941, por proposta do médico Francisco Gentil, foi fundada legalmente a Liga Portuguesa Contra o Cancro.

A sessão solene das comemorações dos 70 anos da Liga será esta segunda-feira à tarde, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

04 de abril de 2011

Fonte: LUSA/SAPO