4 de fevereiro de 2014 - 15h22
A heroína, que teve efeitos desastrosos em Nova Iorque nas décadas de 70 e 80 e ajudou a difundir o vírus da Sida, voltou à cena com a trágica morte do ator Philip Seymour Hoffman, por suposta overdose.
O corpo do ator foi encontrado no domingo, no seu apartamento de Manhattan, com uma seringa no braço, e cerca de 50 envelopes com droga, segundo relata a imprensa internacional. A necropsia, que será feita esta semana, revelará a verdadeira causa da morte do ator de 46 anos.
Em Nova Iorque, a "Cidade do Pecado", as drogas estão por toda a parte. Nos anos 60, o recentemente falecido cantor Lou Reed do grupo "The Velvet Underground" compôs uma música chamada "Heroína", em homenagem à droga que o fazia sentir "como filho de Jesus".
O consumo deste pó branco semissintético, derivado da morfina e produzido a partir do ópio extraído da papoila, expandiu-se na década de 70, quando Nova Iorque registava 650 mortes por ano ligadas à droga.
Nos anos 80, haviam aproximadamente 200 mil dependentes da heroína na cidade, e 50 mil nos Estados Unidos.
Devido ao uso compartilhado de seringas, os toxicodependentes tornaram-se vulneráveis à epidemia de Sida, que também atingiu a cidade na mesma década.
Consumo da droga cresceu nos últimos anos
O crescente consumo da cocaína, a partir da década de 80, e o uso relativamente raro da heroína deixaram-na em segundo plano nos anos seguintes. No entanto, há algum tempo as autoridades e a imprensa têm alertado para a retoma do consumo.

Um relatório da Administração para o Controlo de Drogas (DEA) de 2013 informou que "a disponibilidade da heroína continua a aumentar desde 2012" nos Estados Unidos, devido a uma maior produção no México e à  expansão da atividade dos traficantes neste país vizinho.
O mesmo estudo acrescenta que é possível observar um crescimento do consumo da droga em pessoas cada vez mais jovens, e que o número de toxicodependentes "passou de 142 mil em 2010 para 178 mil em 2011".
Segundo o Instituto Nacional de Abuso de Drogas, mais de 4 milhões de norte-americanos experimentaram heroína pelo menos uma vez na vida e estima-se que 23% das pessoas que consomem heroína se tornem dependentes.
A organização não governamental Drug Alliance Policy informa que, das 115 mil pessoas nos Estados Unidos que recebem metadona (uma droga que alivia o uso da droga), 40 mil vivem em Nova Iorque.
SAPO Saúde com AFP