27 de dezembro de 2013 - 11h17
O fim do Programa de Tratamento Cirúrgico de Obesidade, criado há quatro anos e extinto em 2012, levou à redução de um terço destas cirurgias, existindo doentes que esperam mais de um ano por uma consulta, denunciam os doentes.
Responsável da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade e um dos responsáveis do programa reconheceu que a razão que levou ao fim desta iniciativa foi "puramente financeira".
Anunciado há quatro anos, o programa começou em 2010 e previa a realização de 2.500 cirurgias de tratamento da obesidade por ano nos 19 hospitais públicos e nos centros privados autorizados. O programa ficou aquém dos objectivos, cumprindo cerca de 70 por cento das cirurgias previstas, mas ainda assim contribuiu para a diminuição das listas de espera que na altura existiam, constata Carlos Oliveira, presidente da Associação de Doentes Obesos e Ex-obesos De Portugal (Adexo).
Em declarações à agência Lusa, Carlos Oliveira disse que a suspensão deste programa, em 2012,  levou à diminuição de um terço das cirurgias e que são cada vez mais os doentes que aguardam pela primeira consulta, sem a qual não podem ser operados. "Sabemos de casos em que os doentes esperam há ano e meio por uma primeira consulta num hospital público, da qual dependem para ficar em lista de espera para o tratamento cirúrgico da obesidade", disse.
Carlos Oliveira lamenta ainda que os doentes que aguardam há demasiado tempo por uma cirurgia não estejam a ser operados no sector privado, custeados pelo Sistema Nacional de Saúde, o que se deve ao facto de o preço que o Estado paga a estes centros privados não ser atractivo. Para o presidente da Adexo, o fim do programa só pode ter um objectivo: "Poupar".
Mas Carlos Oliveira considera que esta é uma leitura errada da doença que, segundo estudos na posse da associação, custava, em 2004, 400 milhões de euros por ano no tratamento de doenças associadas aos doentes obesos. Esses valores devem situar-se actualmente nos 600 milhões de euros, adiantou. "Vai sair muito mais caro. Já está a sair caro, mas eles [os decisores políticos] é que não querem ver", declarou.
Silva Nunes, da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade e um dos responsáveis do programa, reconheceu à Lusa que a razão que levou ao fim desta iniciativa foi "de origem puramente financeira". O médico no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, disse que as razões clínicas que levaram à criação de um programa especial para o tratamento desta doença mantêm-se.
Segundo Silva Nunes, em 2011 foram realizadas 2.000 cirurgias no âmbito do Programa de Tratamento Cirúrgico de Obesidade e 931 no primeiro semestre de 2012. Comparando o primeiro semestre de 2011 com o de 2012, registou-se uma diminuição de 13 por cento, disse.
Lusa