16 de abril de 2014 - 16h22
O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional alertou esta quarta-feira para o aparecimento de "focos de sarna" e doenças de pele nas cadeias devido "à falta de dinheiro" para comprar desinfetantes e à sobrelotação das prisões.
Questionada pela agência Lusa sobre esta situação, a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) indicou que foi diagnosticada, há cerca de quatro semanas, "sarna exclusivamente a reclusos de um único estabelecimento prisional".
Segundo a DGRSP, estes "casos pontuais foram imediatamente isolados e tratados", em colaboração com a delegação de saúde local, encontrando-se a situação clinicamente resolvida.
A direção adianta ainda que "os procedimentos de limpeza nos estabelecimentos prisionais não estão, nem nunca estiveram, em causa". No entanto, o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), Jorge Alves, disse à Lusa que "devido à falta de dinheiro está a começar a notar-se uma falta de higiene e haver alguns focos de sarna, que acaba por afetar o pessoal da guarda prisional".
Segundo Jorge Alves, os casos de sarna surgiram nos estabelecimentos prisionais de Braga e Setúbal e na Carregueira apareceu uma doença de pele.

Falta de higiene e 2000 mil reclusos a mais
O sindicato teme que estes "focos de sarna" sejam transmitidos para os guardas prisionais, uma vez que um profissional da prisão da Carreira teve um vírus na pele devido à falta de higiene nos espaços e nos colchões".
O presidente do sindicato sublinhou também que por causa da falta de dinheiro está cada vez a usar-se menos lixívia e creolina para desinfetar, sendo os espaços apenas lavados com água. "As cadeias compravam muita lixívia e creolina para desinfetar os espaços, mas agora já não há dinheiro e é só água. É água sobre água e isso não desinfeta nada. Em cadeias com mais de 100 anos e com cada vez mais reclusos devia haver um investimento, mas o que está acontecer é o contrário", sustentou.

Os cortes orçamentais estão a fazer com que as cadeias recebam cada vez menos a visita das empresas de desparasitação e desratização, segundo o sindicato.
"Está a notar-se cada vez menos a ida às cadeias de empresas de desparasitação e desratização, que iam com frequência", frisou Jorge Alves, alertando para o aparecimento, cada vez mais, de ratos nos espaços comuns.
Como exemplo, indicou os casos detetados no Estabelecimento Prisional de Lisboa, que durante um período de tempo e por falta dinheiro não fizeram a desratização e começaram a aparecer ratos nos espaços comuns, e na cadeia de Vale dos Judeus, onde estes animais roeram os cabos das câmaras de videovigilância.
Segundo a Direção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais, existem mais de 14.400 reclusos nas prisões portuguesas, ultrapassando em cerca de 2.000 lugares a lotação existente. Os dados disponíveis na página da DGRSP mostram que existe atualmente o valor mais elevado de presos desde 1999, o primeiro ano com estatísticas conhecidas.
Lusa