Em declarações à agência Lusa, o psiquiatra e diretor do Serviço de Psiquiatria Geral e Transcultural do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL) revelou que, no passado mês de novembro, o grupo chegou a 1.028 doentes, 446 dos quais pessoas sem-abrigo e 11 refugiadas, ao longo de 604 sessões.

“Pareceu-nos importante celebrar um acontecimento tão invulgar com esse grupo, um grupo que tem mais de meio milhar de sem-abrigo e refugiados”, destacou António Bento, acrescentando que este será, provavelmente, o maior grupo psicoterapêutico em Portugal.

O responsável explicou que as mais de mil pessoas não são todas acompanhadas ao mesmo tempo e que o número representa o acumulado ao longo de 13 anos.

“Mas estas pessoas não tiveram alta, todos podem regressar e todos podem ser acompanhados”, apontou, explicando que um dos motivos para o número tão elevado de pacientes está no facto de as populações sem-abrigo e refugiados serem muito móveis.

Desde 2002 que todas as quintas-feiras, das 09:45 às 10:45, a porta está aberta para receber todos os que quiserem participar no grupo psicoterapêutico aberto. Não há listas de espera, a entrada é imediata e as inscrições diretas.

O seminário decorre durante o dia de sexta-feira, nas instalações do CHPL, e serve para “juntar alguns dos melhores especialistas na área da exclusão social”, bem como as 22 instituições que integram o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA).

António Bento frisou também que o seminário serve para apresentar o novo curso de psiquiatria de rua e transcultural, bem como o projeto que o CHPL tem de prevenção e tratamento dos sem-abrigo e refugiados de Lisboa.

“É um projeto muito ambicioso e no âmbito do NPISA estamos a fazer o diagnóstico de saúde mental de todos os sem-abrigo e refugiados”, adiantou.

Na opinião de António Bento, este seminário servirá para ajudar a conhecer um pouco mais do que são os sem-abrigo e os refugiados, que “não deixam ninguém indiferente”, mas de quem ainda se sabe muito pouco.

O seminário vai contar com a participação do presidente da organização Saúde Mental-Exclusão Social Europa, Luigi Leonori.