7 de março de 2013 - 09h44
Entre janeiro e março, apenas 2% da população com mais de 65 anos se vacinou contra a gripe, o que, segundo o pneumologista Filipe Froes, evidencia a necessidade de combater o "preconceito" de que a vacinação acaba em novembro.
De acordo com os últimos dados do vacinómetro, nos últimos dois meses vacinaram-se 37 mil pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, o que traduz a tendência de queda que já se vinha a verificar.
Entre outubro e novembro vacinaram-se 869 mil pessoas nesta faixa etária, entre novembro e janeiro esse número baixou para 43 mil e desde então até agora vacinaram-se mais 37 mil.
“Estes dados confirmam que a ideia de que o período de vacinação é em outubro e novembro ainda é muito dominante e mostram-nos que é preciso um esforço maior de sensibilização para aumentar a taxa de vacinação e para [insistir] que ultrapassado o mês de novembro a vacina pode continuar a ser feita”, afirmou o consultor da Direção-Geral da Saúde (DGS) para a gripe.
Nem as recentes notícias relativas à gripe e subsequente apelo do Ministério da Saúde à vacinação mudaram este quadro nacional, que mostra “um preconceito enraizado na população” relativamente à época de vacinação.
“Apesar da atividade gripal, houve uma fraca capacidade de mobilizar as pessoas para se vacinarem”, afirmou o pneumologista, sublinhando a necessidade de os profissionais de saúde serem “mais incisivos e mais mobilizadores” junto dos seus doentes mais idosos, para os convencer a vacinarem-se durante todo o outono e inverno.
O vacinómetro revela que até ao momento foram vacinadas perto de 949 mil pessoas com 65 ou mais anos, o que representa 51,3% daquela população, para quem a vacinação passou este ano a ser gratuita nos centros de saúde.
“Temos que melhorar muito o processo para atingir os objetivos da União Europeia de 75% da população com mais de 65 anos”, destacou o especialista, afirmando ser necessário “trabalhar a persuasão e a convicção para vencer um dos maiores obstáculos à vacinação após o mês de novembro, que é o preconceito”.
Desde a época passada, a vacinação passou também a ser recomendada para as pessoas com idades entre os 60 e os 64 anos.
De acordo com o vacinómetro, até agora foram vacinados 179,7 mil portugueses com idades compreendidas entre os 60 e os 64 anos (31% da população), apenas mais 1.700 do que as vacinadas até janeiro.
Quanto aos doentes crónicos vacinados, o aumento também foi muito ligeiro, tendo passado de 42,3% para 42,7% desta população.
O grupo em que se verifica maior cobertura de vacinação contra a gripe é o das profissões de risco (54,7%).
Por regiões, a maior taxa de cobertura verifica-se no norte (51,9%) e a menor em Lisboa e Vale do Tejo (37,6%), sendo que no resto do país a cobertura ronda os 46%.
O Vacinómetro foi criado pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e a Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG) para monitorizar em tempo real a taxa de cobertura da vacinação.
Lusa