26 de agosto de 2014 - 09h00
A adesão à greve dos enfermeiros, que se iniciou na segunda-feira às 08h00, no Centro Hospitalar Barreiro/Montijo e no Hospital do Barreiro esteve “muito perto dos 100%”, disse à Lusa a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Zuraima Prado.
“A greve teve uma adesão acima daquela que tínhamos perspetivado. Tivemos uma greve muito perto dos 100% a nível de praticamente todos os serviços, tanto no Hospital do Barreiro como no Hospital do Montijo”, avançou a coordenadora da direção regional de Setúbal do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Zuraima Prado.
No Centro Hospitalar Barreiro/Montijo a adesão à greve dos enfermeiros rondou no turno “de manhã 95% e à tarde de 100%”, referiu.
Em relação ao Hospital do Barreiro, a greve teve maior impacto, sendo que “de manhã, apenas dois serviços não estiveram a 100%, todos os outros aderiram a 100% a greve, caso do bloco operatório, das consultas externas, da urgência geral e urgência pediátrica, dos internamentos de cirurgia e medicina”, afirmou.
No que diz respeito aos serviços prestados pelas unidades hospitalares, “as cirurgias que estavam programas não se realizaram, apenas aquelas que são de emergência, essas foram reprogramadas atempadamente”, informou.
“Do ponto de vista das consultas externas, sendo que às 08:00 tínhamos uma adesão de 100%, elas também não se terão realizado, aquelas que dependiam dos cuidados de enfermagem”, justificou.
Em relação aos serviços de internamento, “os cuidados impreteríveis aos utentes foram mantidos, alguns outros não se concretizaram, como por exemplo a preparação para cirurgias ou altas de doentes que poderiam sair, mas que tiveram que ficar e terão alta amanhã”, relatou.
A greve nos hospitais do Montijo e do Barreiro contou com “uma forte resposta dos enfermeiros” a “uma situação que se tem vindo a agravar com consequências tanto para os enfermeiros como para os utentes”, reforçou a dirigente do Sindicato.
Para Zuraima Prado, a convocação de futuras greves ou protestos “depende em muito da resposta do ministro da Saúde, Paulo Macedo, possa dar a este apelo dos enfermeiros à necessidade de contratação, inclusivamente a outras questões que também estão em cima da mesa, que se prendem com as condições de trabalho e com questões de carreira [profissional]”, acrescentou.
Segundo a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, as declarações do ministro Paulo Macedo: “Acrescem as nossas preocupações, portanto teremos que, se ele mantiver esta linha, que equacionar outras formas de luta, eventualmente, e sendo este um problema nacional, uma ação mais abrangente”.
A greve dos enfermeiros no Centro Hospitalar Barreiro/Montijo e no Hospital do Barreiro termiou às 23:00.
Solidário com a luta dos enfermeiros, o partido ecologista “Os Verdes” considerou, em comunicado, que “as reivindicações destes profissionais são justas, pois estão a defender os seus direitos, os direitos dos doentes e o próprio Sistema Nacional de Saúde”, reforçando “ser urgente a contratação de mais enfermeiros, pois a atual situação de sobrecarga e exaustão a que estão sujeitos, é inadmissível e pode pôr em causa a sua segurança como também a qualidade dos cuidados prestados aos utentes”.
Para o distrito de Setúbal não estão marcadas, até ao momento, mais greves, sendo que “existem outras como é o caso da greve do Centro Hospitalar de Lisboa Central para amanhã”, referiu.
Este protesto dos enfermeiros, que reclamam do Governo a abertura de concurso para reforço dos profissionais de saúde no Serviço Nacional de Saúde, sucede aos ocorridos na semana passada, em Santarém e no Algarve.
Na sexta-feira, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, assumiu que o Governo pretende “encurtar o processo de contratualização [de profissionais de saúde], em termos burocráticos” no próximo Orçamento do Estado, referindo que este ano já recrutaram mais de 400 enfermeiros.
O ministro disse ainda que, em 2015, haverá novos concursos, que vão "dar emprego a todos os recém-licenciados em medicina, que se espera que sejam mais de 1700 médicos, que vêm para o Serviço Nacional de Saúde”.
Por Lusa