"Não é por haver uma greve regional, como a que vai acontecer na região norte, que as negociações deixam de existir ou ficam condicionadas positiva ou negativamente", disse aos jornalistas Adalberto Campos Fernandes, à margem da inauguração do Centro de Saúde Mafra Leste, na Malveira.

O governante adiantou que, "das três propostas que estavam em cima da mesa, uma já está fechada e tem a ver com o limite anual das horas extraordinárias".

Em relação às restantes, "estão em aberto" e são "um processo mais difícil", mas defendeu que, "havendo boa vontade das partes, será possível o entendimento" com os médicos, assim como demonstram as negociações que decorrem também com os sindicatos representativos dos enfermeiros.

De acordo com a Federação Nacional de Médicos (FNAM), a greve dos médicos vai ter início na quarta-feira na região norte, em protesto por menos horas de trabalho extraordinárias e outras reivindicações.

Numa nota enviada à Lusa, a FNAM refere que o pré-aviso de greve na região norte é a primeira de uma série de greves rotativas em três regiões e que culminará numa paralisação total em 08 de novembro, abrangendo hospitais, centros de saúde, todos os serviços de saúde do Estado e privados.

De uma lista com 25 reivindicações, destaca-se a diminuição do trabalho suplementar nas urgências de 200 para 150 horas anuais, turnos de urgência de 12 horas, em vez de 18, e listas de doentes mais pequenas, descendo dos atuais 1.900 para 1.550.

As greves regionais começam na quarta-feira na região norte, seguindo-se a região centro em 18 de outubro e a região sul em 25 de outubro, antes da paralisação nacional a 08 de novembro.

Os sindicatos médicos têm estado em negociações com o Ministério da Saúde em várias matérias, avisando várias vezes que, se a postura do Governo se mantivesse, avançariam para uma nova greve nacional depois das eleições autárquicas, a segunda este ano, após a paralisação de maio.

Os serviços mínimos serão equivalentes aos que funcionam aos domingos e feriados e estão garantidos serviços como quimioterapia, diálise ou cuidados paliativos.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, afirmou que acredita num entendimento entre os médicos e o Ministério da Saúde, apelando ao ministro para que "chegue a um entendimento" com os sindicatos.