“Era a [adesão] esperada porque a situação dos trabalhadores agravou-se e as reivindicações continuam a não ser atendidas pelo Governo”, afirmou.

Os trabalhadores da saúde estão esta sexta-feira (20/01) a cumprir uma greve a nível nacional para reivindicar a admissão de novos profissionais, exigir a criação de carreiras e a aplicação das 35 horas semanais a todos os funcionários do setor. A paralisação abrange todos os trabalhadores de saúde, mas é destinada a todos os trabalhadores da saúde que não sejam médicos ou enfermeiros, apesar de estes profissionais poderem aderir caso o entendam.

A adesão à greve no Centro Hospitalar São João e no Hospital Santo António, ambos no Porto, regista uma adesão de 85%, no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia-Espinho de 100% - havendo dificuldades em assegurar os serviços mínimos -, e no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, de 80%, revelou Orlando Gonçalves. Já no Hospital de Chaves a adesão é de 90%, no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, em Penafiel, de 85%, nos hospitais do distrito de Braga de 80 a 90%, acrescentou. “Os trabalhadores estão desesperados com a falta de condições”, salientou.

Cirurgias adiadas

Apesar dos elevados números de adesão, as consultas nos diferentes hospitais não tiveram de ser adiadas porque os médicos estavam de serviço, sofrendo apenas algum atraso devido à falta de apoio administrativo, explicou.

Nos internamentos, urgências e enfermarias existem menos auxiliares, estando apenas a funcionar com os serviços mínimos, fazendo-se apenas o que é de “extrema necessidade” para a vida e bem-estar dos doentes, adiantou. Já quanto às cirurgias, aquelas que estavam programadas tiveram de ser adiadas, fazendo-se as de urgência, realçou. Outra das dificuldades é o pagamento das taxas moderadoras das consultas que ficou por fazer nos diferentes hospitais por falta de administrativos.

Convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, a paralisação pretende ainda reclamar que terminem os cortes nos pagamentos das horas de qualidade e do trabalho suplementar. A criação da carreira de técnico auxiliar de saúde é um dos motivos centrais da greve, que pretende ainda a revisão e valorização das carreiras de técnicos de diagnóstico e terapêutica e a garantia de que a carreira de técnico de emergência pré-hospitalar tem de imediato a respetiva revalorização salarial.

O secretário de Estado da Saúde disse que o Governo continua "aberto à negociação" e ao diálogo com os trabalhadores da saúde, mas "não pode tomar decisões em função das pressões da rua ou da pressão das greves".