“Não temos números precisos das regiões autónomas, mas no território continental a adesão está muito próxima desses valores, atendendo a que os grandes hospitais, como por exemplo o Santa Maria, em Lisboa, radiologia e análises clínicas estão praticamente a 100%”, disse Almerindo Rego.

O dirigente do sindicato falava aos jornalistas numa manifestação que reuniu, em frente ao Hospital de São João, no Porto, mais de uma centena de técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica do norte do país.

“Passa-se uma coisa muito estranha, o Governo correspondeu com a publicação das novas carreiras, em agosto, devíamos, segundo o protocolo negocial, dar continuidade à negociação em relação a um conjunto de matérias que operacionalizam a aplicação das carreiras - perfis de competências designações profissionais e avaliações de desempenho, por exemplo – para que tudo ficasse concluído até final de setembro e nada”, disse Almerindo Rego.

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Um insulto à classe

O dirigente sindical, “o estranho, no meio disto tudo, é que senhor Secretário de Estado da Saúde diz-me que não tinha nada para apresentar ao sindicato e que primeiro ainda teria que fechar as negociações com os médicos e com os enfermeiros”.

“Isto para nós roça quase o insulto por uma razão muito simples, o Governo acordou connosco um conjunto de condições, a nossa parte cumprimo-las e, agora, que pretendíamos dar continuidade às negociações para poder haver efetiva aplicação das carreiras, estamos num impasse porque o Governo não nos apresentou até ao momento qualquer proposta. Embora tenham sido publicadas as carreiras, elas não tem tradução real”, sublinhou.

De acordo com Almerindo Rego, “o sindicato avançou com estes dois dias de greve para evitar grandes danos aos doentes do Serviço Nacional de Saúde como aviso ao Governo, se até dia 19 o processo não estiver desbloqueado, entramos em greve por tempo indeterminado”.

“Importa referir que todo este processo é tão mais estranho quando na terça-feira o secretário de Estado da Saúde nos convoca para uma reunião as 16:00 e as 19:00 cancelou a mesma reunião, sem qualquer explicação”, frisou.

Os técnicos superiores das áreas de diagnóstico e terapêutica dizem não entender o que se está a passar e questionam: “Se há vontade política para resolver a situação dos médicos e enfermeiros, porque é que não há em relação aos técnicos de diagnóstico e terapêutica”.

“Acho que nos é devida uma explicação clara de porque é que se negoceia com os outros e não se negoceia connosco. Queremos respeito, igualdade e salários iguais, nem menos nem mais”, defendeu Leonel Fernandes.

O analista clínico José Santos referiu que “há diferenças salariais à entrada de carreiras de mais de 600 euros por mês. Estamos ao lado de pessoas a fazerem exatamente o mesmo e a receber mais 600 euros, nomeadamente farmacêuticos e médicos sem especialidade”.

“O que reivindicamos não é mais do que justiça em termos de salário. Estamos dispostos a ir até onde for preciso, estamos a falar de injustiça, estivemos a espera de um novo diploma de carreira quase 20 anos e depois de 20 anos ainda nos fazem isto”, acrescentou.

Esta área de trabalho abrange mais de 20 profissões, em áreas como análises clínicas, radiologia, fisioterapia, farmácia ou cardiopneumologia, num total de cerca de dez mil profissionais.