Os médicos reclamam a redução de 18 para 12 horas semanais no serviço de urgência, bem como a diminuição dos utentes por médico de família de 1.900 para 1.500 utentes.

A greve foi convocada pelos dois sindicatos médicos - Sindicato Independente dos Médicos e Federação Nacional dos Médicos.

Os sindicatos queixam-se de que estão há um ano em "reuniões infrutíferas" com o Governo. Habituados a ter de esperar entre a recolha de sangue e a consulta de controlo, os utentes que falaram à agência Lusa manifestaram-se surpreendidos e até irritados pelo impasse de que foram informados no momento do atendimento.

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Branca Alves, de Gondomar, está "há dois meses sem fazer o controlo de sangue" a que está obrigada "há muitos anos", afirmando ter sido surpreendida pela greve. "Não sabia que havia a greve, pois se assim fosse não teria vindo", disse, explicando que caso não tenha médico "a recolha perde validade e terá de voltar, talvez na próxima segunda-feira" para nova recolha.

Sem esconder a irritação pela "notícia inesperada" José Sousa Marques, de Valongo, apresentou-se hoje para ter uma consulta de hipocoagulados, confessando desconhecer a paralisação agendada para hoje. "Não sabia que havia greve, ninguém em avisou", disse à Lusa preferindo falar do seu problema do que das motivações dos médicos: "eu tomo um medicamento que pode ser perigoso se o controlo não for permanente e tenho que ser visto com regularidade".

"Mandaram-nos esperar até nova informação", respondeu quando questionado se ainda esperava ser atendido hoje.

Armando Castro viajou desde Lousada até ao Porto para acompanhar a mãe na "consulta de ginecologia pós-operatória" e também ele foi surpreendido pelo calendário da greve.

"A consulta estava marcada para as 8:20 e fomos apanhados de surpresa porque não só ainda não foi atendida, como não nos sabem dizer se o vai ser, tendo sido avisados que não podemos sair até haver confirmação da ausência de médico", relatou à Lusa.

Explicando tratar-se de "uma consulta essencial", pois nela seriam "informados dos resultados dos exames" que fez no decurso da operação, disse terem sido aconselhados a esperar até às 10:00, "mas não era certo que a essa hora houvesse informações".

A greve repercutiu-se também ao nível das unidades de saúde familiar, tendo na de Valbom, em Gondomar, faltado os três médicos que estavam ao serviço de manhã, disse à Lusa uma fonte daquela unidade.