23 de setembro de 2014 - 08h40
O Ministério da Saúde lamentou “a ausência de acordo” entre a tutela e o Sindicato dos Enfermeiros, que mantém a convocação de uma greve para a próxima quarta e quinta-feira. A reunião de segunda-feira destinou-se a discutir assuntos como os dias de trabalho em dívida, os turnos extraordinários e as folgas não gozadas.
“Concluída a reunião, o Ministério lamenta a ausência de acordo entre as partes, apesar dos seus compromissos apresentados e que ainda assim pretende dar sequência”, lê-se num comunicado emitido pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), no qual se refere a contratação de mil novos enfermeiros para resolver as questões levantadas pelo sindicato.
Contratação continua, diz ministro
O Ministério da Saúde diz pretender dar continuidade à “abertura de vagas para enfermeiros distribuídas por cuidados de saúde hospitalares e cuidados de saúde primários”, abrir negociações “tendo em vista a celebração de dois acordos coletivos de trabalho no âmbito da carreira de enfermagem” com o objetivo de “harmonizar o regime remuneratório”, assim como dar início à progressão na carreira para a categoria de enfermeiro principal.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou insuficiente a contratação de mil enfermeiros, anunciada na quinta-feira pelo Ministério da Saúde, para resolver o problema dos dias de trabalho em dívida, dos turnos extraordinários e das folgas não gozadas.
A ACSS divulgou em comunicado que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai contratar mais de mil enfermeiros até final do ano, precisando que já foi autorizada a contratação de 585 enfermeiros, e já está “em fase final de autorização” a contratação de outros 344, totalizando 929 processos de contratação.
Números são insuficientes, reitera sindicato
Reagindo a este anúncio, o SEP afirma que o número avançado é insuficiente, uma vez que já estão autorizados em pendentes 929 contratações, o que significa que “o Ministério da Saúde só vai contratar mais 71 enfermeiros, até ao final do ano”.

O SEP sublinha que até 17 de setembro, data da última reunião entre a tutela e o sindicato, já tinham sido autorizadas 585 contratações – para as quais será necessário abrir bolsas de recrutamento – e estavam pendentes 344 autorizações de contratação no Ministério das Finanças, o que totaliza 929 enfermeiros.
“Os milhares de dias de trabalho em dívida aos enfermeiros, os milhares de turnos extraordinários que os enfermeiros são obrigados a fazer, as centenas de dias de folga não gozados não se resolvem com aquelas 929 contratações e a possibilidade de contratar mais 71 (diferença entre os 1000 anunciados e os 929)”, afirma.
O SEP exige, assim, que Ministério da Saúde anuncie quantos enfermeiros vai contratar, ainda em 2014, “que permita minimizar os problemas de funcionamento das instituições” e que “apresente um plano de contratação de médio e longo prazo”.
No início do mês, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, reconheceu a existência de "insatisfação" entre os profissionais do setor, mas considerou "anormais" e em "risco de banalização" as greves que afetam apenas o SNS. Nos últimos meses têm decorrido greves setoriais da classe.
Por SAPO Saúde/Lusa