“A taxa de adesão foi de 74,5%”, declarou hoje à Lusa Fátima Monteiro, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, referindo que apesar de os serviços mínimos estarem a ser assegurados, das oito salas de blocos operatórios que deviam estar a funcionar, apenas estão duas.

A administração do Hospital de São João avançou, por seu turno, que a adesão de hoje à greve dos enfermeiros naquela instituição hospitalar foi de "60,4%".

“Compromissos quebrados, Enfermeiros zangados. [António] Costa: 35 horas para todos já”, era a frase inscrita numa faixa do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) exposta à frente da porta principal do Hospital de São João, local onde se concentraram cerca de duas dezenas de enfermeiros que aderiram à greve, uma iniciativa que faz parte de um plano de luta nacional que arrancou em agosto e termina a 15 de setembro.

Os enfermeiros estão em luta para que o Governo permita a “admissão de mais enfermeiros” no Serviço Nacional de Saúde, pois “só no Hospital de São João são precisos entre 150 a 200 enfermeiros, disse a dirigente sindical Fátima Monteiro.

Fim da discriminação horária e reposição salarial

O SEP está também a exigir que todos os enfermeiros façam as “35 horas e que não haja discriminação”, como é o que se verifica, explica a sindicalista, com os colegas que tem contrato individual de trabalho e que continuam a fazer 40 horas.

A reposição de valor do trabalho extraordinário das horas de qualidade a 100% é outra das reivindicações dos enfermeiros, que estão a recolher assinaturas para entregar um abaixo-assinado ao Conselho de Administração do Hospital de São João e, posteriormente, ao Ministério da Saúde e ao Ministério das Finanças sobre os “problemas gravosos” que a classe estão a viver, adiantou Fátima Monteiro.

“Os problemas são gravosos que existem nos serviços face à carência de enfermeiros e depois os colegas ainda fazem trabalho extraordinário só a 50% e que não lhes compensa sequer fazer, porque o pouco que ganham com a taxa de IRS ainda perdem dinheiro”, acrescentou, lembrando que as "35 horas já são mais do que suficientes para a natureza da profissão".

Os enfermeiros não lidam apenas com o sofrimento físico, mas também com o psicológico e sofrimento social, já para não falar dos turnos que caracterizam aquela profissão “não são compatíveis nem com a vida social, nem familiar", observou aquela enfermeira e dirigente sindical.