23 de julho de 2014 - 11h52
A greve dos enfermeiros do centro de saúde da Marinha Grande, que hoje termina, teve uma adesão de 100%, revelou o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que alerta para as consequências da “carência” destes profissionais.
“Nos dois dias, houve uma adesão de 100%”, disse à agência Lusa a dirigente sindical Maria de Jesus Fernandes, após um encontro com o presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, referindo que o centro de saúde tem 24 enfermeiros, sendo “necessários, pelo menos, mais 13”.
Maria de Jesus Fernandes destacou que “a carência de enfermeiros coloca em causa a qualidade e segurança da prestação dos cuidados de saúde”, admitindo ter dúvidas quanto à vontade da tutela em resolver este problema que “carece de uma solução urgente”.
“Tivemos, no dia 14, uma reunião com o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, na qual nos disse que vinham dois enfermeiros para o Agrupamento de Centros de Saúde, mas não sabemos onde vão ser colocados. Isto é uma mão cheia de nada”, salientou a responsável.
Reconhecendo que “este não é um problema da região de Leiria, mas transversal a todo o país”, Maria de Jesus Fernandes adverte para o seu agravamento neste período de férias “porque ficam menos enfermeiros ao serviço”.
“As equipas estão no limite das suas capacidades”, afiançou a responsável, que encontra na “vontade de destruir o Serviço Nacional de Saúde” a justificação para o arrastar desta situação.
Segundo Maria de Jesus Fernandes, “falta de dinheiro não pode ser, falta de recursos também não, porque há muitos enfermeiros no desemprego”, considerando não existir “vontade política” para solucionar o problema.
A dirigente sindical adiantou que o presidente da Câmara da Marinha Grande, Álvaro Pereira, expressou “solidariedade” aos enfermeiros, acrescentando que na próxima reunião do executivo municipal o assunto vai ser abordado.
“Estamos também a distribuir comunicados à população, explicando os motivos da greve, e temos recebido apoio”, disse Maria de Jesus Fernandes.
Em março, o sindicato, após ter efetuado reuniões de trabalho nos vários centros de saúde do agrupamento Pinhal Litoral, de que faz parte a unidade da Marinha Grande, estimou em 50 o número de enfermeiros em falta, exigindo a admissão de mais enfermeiros.
Na ocasião, a Administração Regional de Saúde do Centro confirmou “a carência de cerca de duas dezenas de enfermeiros” naquele agrupamento, adiantando que estava “em curso um concurso, lançado em março de 2013, para 122 vagas de enfermagem” para os agrupamentos da região Centro.
O concurso contemplava 27 vagas para o Pinhal Litoral, segundo informação desta entidade.
Por Lusa