“Esta greve pode situar-se entre os 70% e os 80%, incluindo os hospitais”, disse a coordenadora da Federação, Ana Avoila, numa conferência de imprensa na manhã de hoje em Lisboa, considerando que a “forte” adesão à greve “é a demonstração” de que os trabalhadores “não podem e não querem ser mais enganados”.

Ana Avoila começou por saudar "os milhares” de trabalhadores que hoje terão aderido à greve que, segundo a federação, se traduz “numa das maiores greves” registadas em Portugal.

“Na saúde abrangeu hospitais e centros de saúde do norte ao sul do país, embora no Algarve a adesão tenha sido mais baixa”, explicou, precisando que em Lisboa e Porto houve hospitais com 100% de adesão à greve e a funcionar apenas com serviços mínimos.

Ana Avoila adiantou que duas cantinas da Universidade de Lisboa foram mesmo encerradas, por falta de funcionários, e que no centro de saúde de Sete Rios a adesão terá sido de 90%.

“Saúde e educação são as de maior adesão, houve centenas de escolas encerradas”, disse, ressalvando que também se registaram serviços parados na Segurança Social e que na justiça, nomeadamente na Procuradoria-Geral da república, houve uma “boa adesão” à greve.

Enfermeiros com adesão de 78%

A adesão dos enfermeiros à greve desta sexta-feira situa-se entre os 77 e os 78 por cento nos hospitais nos turnos da noite e da manhã. O balanço foi feito pelo presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Martins, em declarações aos jornalistas junto ao hospital de São José, em Lisboa.

O Governo enfrentou hoje a primeira greve na administração central e estabelecimentos fabris das Forças Armadas, sentindo-se os primeiros efeitos da paralisação ao início da noite no setor da saúde.

A reposição imediata do horário semanal de 35 horas é a razão da convocação desta greve pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e o Sindicato dos Trabalhadores dos Estabelecimentos Fabris das Forças Armadas.

Embora o parlamento tenha aprovado na generalidade, no dia 15, os projetos de lei do PCP, 'Os Verdes', Bloco de Esquerda e PS para a reposição das 35 horas de trabalho na função pública, estes sindicatos não ficaram convencidos, porque temem que a medida só entre em vigor no último trimestre do ano.

A principal diferença entre os quatro projetos de lei, que estão em discussão na comissão da especialidade, está no prazo de entrada em vigor da lei, pois enquanto o partido do Governo remete a aplicação da medida para 01 de julho, os outros três partidos querem a sua aplicação o mais rápido possível, correspondendo à reivindicação dos sindicatos.