“Dentro do rigor orçamental a que estamos obrigados e de que não iremos abdicar, conseguimos suscitar o desafio de, em relação às USF tipo A, pelo menos 30 possam ser criadas no segundo semestre e em relação à migração do tipo A para B possamos ir até 25, ultrapassando o que foi a média da última legislatura”, afirmou o ministro da Saúde no fim de semana.

Adalberto Campos Fernandes falava em Aveiro no encerramento do 8.º Encontro Nacional das Unidades de Saúde Familiar, antevendo que 2016 será “um bom ano para os cuidados primários de saúde em Portugal” e de “recuperação do tempo perdido” em infraestruturas e dotação de meios humanos.

“Estamos com o maior programa de renovação de equipamentos, com novos centros de saúde de que temos vindo a assinar os protocolos com as autarquias, mas também naquilo que diz respeito ao capital humano. Vamos ter em junho uma das maiores colocações de jovens médicos de família e também os aposentados estão a manifestar a vontade de voltar ao sistema”, salientou o ministro.

Em relação aos primeiros, Adalberto Campos Fernandes explicou que, com a eliminação da “anacrónica” prova de entrevista, será possível antecipar em três meses a sua colocação.

O titular da pasta da Saúde disse acreditar que no segundo semestre deste ano estarão reunidas as condições para “uma grande recuperação do número de portugueses que ainda não têm médico de família e com isso aliviar a procura dos hospitais, com mais proximidade, mais segurança e mais qualidade”.

O ministro aproveitou para anunciar que “acaba este mês” o sistema de encaminhamento obrigatório de doentes que vigorava, passando a haver “livre acesso e circulação” dentro do Serviço Nacional de Saúde, em que caberá aos médicos de família a decisão de colocar os doentes onde entenderem ser mais conveniente.

Falando para uma plateia numerosa de profissionais de saúde, Adalberto Campos Fernandes apelou à “compreensão e construção de um diálogo social” para promover as mudanças necessárias no Sistema Nacional de Saúde: “Não conseguimos num ano recompor o que foi estragado em cinco ou seis”.

Exortou também os profissionais à colaboração na internalização no SNS de serviços prestados externamente, em interligação com os hospitais, que “representam quase mil milhões de euros” dos gastos na saúde.

“Há muitas rendas excessivas e nada melhor do que os médicos e enfermeiros para nos ajudar a cortar no desperdício”, comentou.

As Unidades de Saúde Familiar (USF) são pequenas unidades dos Centros de Saúde com autonomia funcional e técnica, que visam garantir aos cidadãos inscritos uma carteira básica de serviços.

"Nem todas as USF estarão no mesmo plano de desenvolvimento organizacional. A diferenciação entre os vários modelos de USF (A e B) é resultante do grau de autonomia organizacional e da diferenciação do modelo retributivo e de incentivos dos profissionais", segundo o site da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar.