"Estamos a estudar o caderno reivindicativo que se consubstancia no essencial em três questões: as horas extraordinárias, o número de utentes por médico de família, e a carga horária semanal das horas de urgência", começou por dizer o responsável.

Questionado pelos jornalistas à margem de uma apresentação pública sobre o novo Hospital de Lisboa Oriental, que decorreu nos claustros do Hospital de Santa Marta, Manuel Delgado informou que "estes três temas estão a ser estudados pelo Governo, no sentido de apresentar ainda esta semana aos sindicatos a nossa posição negocial sobre a matéria".

Manuel Delgado apontou que "essa posição está a ser ultimada" e considerou que estão em causa "questões que têm algum impacto não só na vida dos doentes, porque menos trabalho significa menos capacidade de resposta do SNS [Serviço Nacional de Saúde], e depois têm impacto financeiro".

Delgado disse que "o dinheiro é sempre uma questão difícil", mas o "Governo está ciente de que alguns tipos de questões que os sindicatos colocam são pertinentes".

A resposta "poderá ser menos imediata em termos de solução, mas mais calendarizada no tempo, justamente pelas questões económicas associadas", vincou o secretário de Estado.

Questionado sobre se já existe o aval do Ministério das Finanças para aceitar as reivindicações dos médicos, Manuel Delgado disse que não existe ainda essa aprovação, indicando que também o Ministério da Saúde ainda não tem uma posição fechada. "Estamos ainda a negociar com as Finanças e com os sindicatos esta matéria", respondeu.

"Evidentemente que temos de nos articular com todos os Ministérios envolvidos, designadamente com as Finanças", por forma a dar "uma resposta em conjunto", continuou, acrescentando que "o Governo não toma posições individualizadas, com cada Ministério a puxar para seu lado e a dizer uma coisa".

O secretário de Estado disse que os sindicatos já foram informados. "Temos esse compromisso com eles desde há 15 dias e temos uma reunião marcada para o dia 11 deste mês, e antes disso ficámos de apresentar a posição do Governo", salientou.

O incumprimento de promessas do Governo, como a de criação de Centros de Avaliação Médica e Psicológica (CAMP), é hoje o principal tema de debate para o Fórum Médico, uma reunião de organizações representativas dos médicos.

A reunião foi convocada pelo bastonário da Ordem dos Médicos e tem confirmada a presença "da maioria das organizações que são membros", segundo um comunicado da Ordem, no qual se assinala que a falta dos CAMP "mantém a situação de sobrecarga para os médicos dos centros de saúde na emissão de atestados para a carta de condução".

A Ordem diz que a agenda da reunião é marcada pelas promessas feitas pelo Governo na sequência da greve médica de 10 e 11 de maio "e nunca cumpridas".

A limitação do trabalho suplementar a 150 horas anuais, em vez das atuais 200, a imposição de um limite de 12 horas de trabalho em serviço de urgência e a diminuição do número de utentes por médico de família foram algumas das reivindicações sindicais para a greve de maio.