13 de maio de 2014 - 11h01
O secretário regional da Saúde dos Açores disse, na segunda-feira, que em áreas como a endocrinologia os especialistas não devem ir às ilhas sem hospital para fazer consultas, mas para serem "consultores" dos médicos de família.
"É importante percebermos que os médicos de especialidades hospitalares devem vir às ilhas sem hospital para servir de consultores aos médicos de medicina geral e familiar. Não preciso de um médico endocrinologista aqui para seguir regularmente uma diabetes, uma hipertensão, um hipotiroidismo", afirmou Luís Cabral, numa reunião do Conselho de Ilha de Santa Maria com o Governo dos Açores, em Vila do Porto, na segunda-feira à noite.
Luís Cabral disse que aos especialistas caberá ainda "definir os critérios" que determinem o reencaminhamento para um clínico de especialidade hospitalar.
Segundo explicou, está a ser feito "um ajuste" entre as "necessidades da procura" e a oferta de médicos a nível regional.
Assim, há casos como a urologia, em que há apenas dois médicos nos Açores e não têm capacidade para se deslocar a ilhas sem hospital, em que o executivo está a procurar soluções fora do arquipélago.
"E existem outras situações em que efetivamente não são necessárias deslocações de especialistas", sublinhou, dando como exemplo a endocrinologia.
Luís Cabral apontou que, no entanto, continuam e continuarão a deslocar-se "regularmente" a Santa Maria, como a outras ilhas, especialistas, incluindo de áreas em que nunca houve consultas na ilha, como dermatologia, atendendo à lista de espera.
O secretário regional da Saúde reconheceu que há médicos atualmente "indisponíveis" para estas deslocações por causa da mudança das regras de pagamento, mas assegurou que outros continuam "disponíveis" e que o executivo terá de os procurar e aproveitar para este fim.
Já a nível dos exames complementares de diagnóstico, como as ecografias, disse que "é possível evoluir" e passar a fazer mais nas ilhas sem hospital, programando deslocações de médicos e técnicos.
Luís Cabral sublinhou que, no entanto, nunca deixará de ser necessária a ida dos doentes a um dos três hospitais da região.

A este propósito, exemplificou com Santa Maria, aonde se deslocaram, este ano, cinco especialistas em obstetrícia e ginecologia e um em radiologia. Por outro lado, 766 utentes foram ao hospital de Ponta Delgada entre janeiro e março, sendo que "só" 58 por causa de consultas que habitualmente eram feitas na ilha.
Luís Cabral revelou ainda que os dois novos médicos de família anunciados para Santa Maria começam a trabalhar a 02 de junho.
Depois da reunião, o presidente do Conselho de Ilha, Rui Arruda, reiterou a sua preocupação, considerando insuficientes as deslocações de médicos este ano.
A reunião durou três horas, tendo os membros do executivo respondido a questões locais, mas também de âmbito regional, como a situação na SATA ou a remuneração complementar.
No final, o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, considerou "útil" lembrar que estavam todos "do mesmo lado", insistindo na disponibilidade do executivo para esclarecer as razões das suas opções.
Já Rui Arruda considerou, em declarações aos jornalistas, que a reunião foi "amistosa dos dois lados" e que mesmo que haja "perspetivas diferentes", efetivamente, todos "trabalham para o mesmo fim".
Na sua primeira intervenção, Rui Arruda queixou-se da falta de resposta ao Conselho de Ilha por parte de departamentos governamentais. Vasco Cordeiro disse, por seu lado, que o Governo açoriano "está interessado em melhorar o máximo possível a comunicação, desde logo, com os conselhos de ilha" e que, apesar de não se rever em muitas das críticas ouvidas na reunião, o executivo foi também confrontado com aspetos em que tem de melhorar.
O executivo açoriano visita a ilha de Santa Maria até quarta-feira.
Por SAPO Saúde com Lusa