Em declarações à agência Lusa, o chefe do gabinete de psicologia da PSP, Fernando Passos, afirmou que o número de consultas tem “crescido gradualmente” todos os anos, registando um aumento 30,7 por cento nos últimos cinco anos ao passarem das 8.116, em 2011, para as 10.612, o ano passado.

Fernando Passos apontou “a redução do estigma” por parte dos polícias e um maior conhecimento do gabinete de psicologia dentro da instituição como justificação para o aumento de consultas, que são maioritariamente feitas por procura voluntária.

Segundo o mesmo responsável, são vários motivos para os polícias procurarem uma consulta de psicologia, nomeadamente quando “estão a passar por alguma vulnerabilidade”.

“Os polícias procuram quando sentem que efetivamente não produzem ou não estão nos seus melhores dias, existe alguma vulnerabilidade”, disse, avançando que recorrem a esta especialidade todos os elementos policiais, desde agentes, chefes e oficiais.

Fernando Passos afirmou também que as consultas de psicologia são mais procuradas pelos elementos do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, justificado com o facto de um terço do efetivo está localizado nesta zona.

A PSP presta apoio regular aos polícias com psicólogos em 16 dos 20 comandos do país, não existindo este serviço em Viana do Castelo, Vila Real, Portalegre e Viseu.

Fernando Passos realçou que nos comandos, onde não existe estas consultas especializadas, os polícias são encaminhados para o local fisicamente mais próximo, mas, realçou, existem distritos com mais do que um “local de atendimento”, designadamente em Leiria, Castelo Branco, Setúbal, Faro e Lisboa.

A PSP tem serviços de psicologia descentralizados pelo país e uma linha verde de emergência que funciona 24 horas por dia para ajudar os polícias. Contudo, 24 polícias suicidaram-se nos últimos cinco anos, oito dos quais em 2015, um fenómeno para o qual a PSP não têm uma única explicação.

“O elemento policial suicida-se pelas mesmas razões que se suicida um cidadão comum, mas eventualmente há mais algumas exigências próprias da sua função. Mas nunca conseguimos estabelecer um nexo de causalidade”, disse Fernando Passos, sublinhando que “a polícia está exposta a fatores que a população em geral não está”.

O chefe do gabinete de psicologia da Polícia de Segurança Pública referiu que a autópsia psicologia feita aos polícias “não é uma ferramenta 100 por cento exata”, ajudando a compreender o fenómeno, mas não na sua totalidade.

A autópsia psicológica consiste em reconstituir a vida de uma pessoa nos seus últimos meses de vida, para tentar perceber os passos que deu.

“O fenómeno do suicídio é difícil de explicar. Em 2012 e 2004 tivemos zero suicídios na PSP”, sustentou.