"Nós estamos convictos de que os nossos investimentos serão bem geridos e, conjuntamente com o Ministério da Saúde e com outras organizações da sociedade civil, vamos apoiar Moçambique a melhorar o estado da saúde das populações moçambicanas", disse hoje William Carlos, embaixador da Irlanda, país que, ao lado dos Estados Unidos e da França, integra o grupo de doadores, durante a cerimónia da assinatura de cinco memorandos de entendimento entre o Governo e o Fundo Global.

Além de expandir os serviços de prevenção, no que diz respeito à sida, com os acordos, o Governo moçambicano compromete-se também a ampliar a disponibilização de medicamentos antirretrovirais para pessoas infetadas no país, passando dos 40 por cento em 2014 para os 53% até 2016.

Falando durante a cerimónia, Nazira Abdulal, ministra da Saúde de Moçambique, garantiu que a melhoria da qualidade dos serviços em Moçambique constitui prioridade do Governo moçambicano, assinalando que o seu executivo está ciente das suas responsabilidades.

"Apraz-nos referir, com muita satisfação, que esta subvenção é o culminar do desenho das notas conceptuais em torno das três doenças com maior impacto e mortalidade no quadro epidemiológico do nosso país", afirmou Nazira Abdulal, lembrando, entretanto, que os desafios de Moçambique no combate a estas doenças exigem mais do que recursos financeiros, em alusão à necessidade de se cumprirem as metas estabelecidas nos programas de combate às epidemias.

Das metas estabelecidas no novo acordo, destaca-se também o desenvolvimento de estratégias para maior integração de pessoas com tuberculose, principalmente para as zonas mais recônditas do país, onde os serviços sanitários são ainda deficientes.

Com o financiamento, o Governo moçambicano prevê atingir 80% da população na cobertura de tratamento de pessoas com malaria e, com base em ações de sensibilização, aumentar o número de utilizadores domésticos de redes mosquiteiras, na ambição de reduzir os altos índices de mortalidade causados pela malaria.

Também Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC), organização que, ao lado da Visão Mundial, trabalha em parceria com o Governo na implementação de programas contra tuberculose e a sida, assinalou a responsabilidade que o país assume com o financiamento, destacando a necessidade de uma revitalização das organizações comunitárias de base, principalmente nas zonas mais recônditas, onde a assistência sanitária ainda é fraca.

"Numa aldeia ou num bairro, um ativista não vai conseguir cobrir toda a população. É preciso incluirmos a revitalização e a dinamização das organizações comunitárias para que elas possam abranger todas as pessoas infetadas e orientar as outras afetadas para melhor cuidarem dos seus doentes", afirmou a antiga primeira-dama de Moçambique.

A ativista social alertou ainda para a subida do número de infetados entre a juventude moçambicana, enaltecendo a necessidade de uma reflexão sobre as causas deste fenómeno, como forma de encontrar melhores estratégias para sensibilização dos jovens no que tange à prevenção.

"Precisamos de ter as instituições de pesquisa em Moçambique muito mais envolvidas nesta causa, para que nos ajudem com a compreensão dos vários grupos das várias faixas etárias, nas várias regiões do país", salientou, lembrando também que "as pessoas não são números" e é preciso que se trabalhe com muito mais rigor nos dados estatísticos.

Criado em 2002, o Fundo Global é uma parceria público-privada, cujo objetivo principal é captar e desembolsar recursos para a prevenção e tratamento de doenças como sida, tuberculose e malária.