“Já tínhamos uma operação pequena com alguns clientes em Espanha praticamente desde o início do projeto [em março de 2013], mas esta é uma entrada muito mais consistente porque é na grande distribuição (em várias cadeias, entre as quais o Carrefour) e com a implementação de um plano de ‘marketing’ com várias ações para dar a conhecer a marca Fruut e os frutos portugueses em Espanha”, afirmou o diretor-geral da empresa, Filipe Simões, em entrevista à agência Lusa.

Detida e comercializada pela Frueat, a marca Fruut consiste em ‘snacks’ 100% feitos de fruta (maçãs e peras) natural desidratada que pretendem assumir-se como alternativa às bolachas e outros alimentos processados.

“Dentro da nossa lógica de responsabilidade social não seria, aliás, coerente concorrermos com fruta, porque a fruta fresca é muito melhor do que qualquer ‘snack’”, salientou Filipe Simões, que divide o capital da Frueat com a Sociedade Agrícola Quinta de Vilar.

Europa do Norte no radar

Depois de ter começado por se afirmar no mercado interno, onde no primeiro ano faturou grande parte do milhão de euros de volume de negócios, equivalente a um milhão de embalagens vendidas, a Fruut aposta agora na internacionalização, começando pela aposta em Espanha, mas já com o Norte da Europa no radar.

“Depois de Espanha, o nosso grande foco é o Norte da Europa, ainda este ano. O nosso desafio interno é encontrarmos este ano dois distribuidores no Norte da Europa para começarmos a trabalhar, mesmo que não comecemos já a vender”, adiantou o diretor-geral.

Entretanto, desde março de 2014 que a empresa já está a vender em Angola, mantendo também “uma operação ainda pequena” em Inglaterra.

“Mas a nossa estratégia passa por replicar o modelo espanhol noutros países”, sublinhou Filipe Simões, explicando que o objetivo não é “apenas colocar produto, mas fazer algo por ele e pela marca”.

“Na prática, a partir de agora o nosso plano de ‘marketing’ deixa de ser português e passa a ser ibérico. Normalmente as empresas encaram a internacionalização sobre o ponto de vista transacional, como uma mera troca de mercadorias, mas a nossa estratégia vai muito mais além disso: nós queremos vender, mas queremos que os espanhóis conheçam a marca e a valorizem e, por isso, estamos a apostar numa estratégia que crie ligação emocional com o consumidor”, salientou.

Neste contexto, em Espanha a Fruut marcará presença “em eventos que juntem mais de 15.000 pessoas”, nomeadamente “eventos desportivos ligados à área da saúde, bem-estar e desporto”.

Paralelamente, começou já “a apostar muito no ‘marketing’ digital em Espanha, privilegiando o contacto com ‘bloggers’ e a criação de uma página no Facebook e de um ‘site’ em espanhol.

Além de Portugal, Espanha é o primeiro país onde esta estratégia promocional está a ser implementada, mas o objetivo da Frueat é “criar uma marca global”: “Com isso conseguimos salvaguardar o médio e o longo prazo e a consistência do próprio produto e da marca, chegando a um número muito superior de pessoas e tornando a operação num negócio muito mais interessante”, referiu o empresário.

Esta perspetiva reflete-se, inclusive, na procura de distribuidores que está em curso “em vários países de vários pontos do mundo”, sendo intenção da empresa “que o distribuidor não tenha uma preocupação meramente comercial, mas perceba perfeitamente a proposta de valor do produto e quais as suas vantagens competitivas”, apostando numa “estratégia de ‘marketing’ consistente”.

Depois de Espanha, o Norte da Europa será a geografia seguinte na expansão da Fruut, com Filipe Simões a destacar a Holanda como um dos alvos preferenciais: “Não quer dizer que vá ser o primeiro [país nórdico onde a marca vai entrar], mas sabemos que é um país muito recetivo a este tipo de produto e temos recebido mesmo muitos ‘emails’ de turistas holandeses perguntando-nos quando é que o produto chega lá”, disse.

Na sequência deste alargamento do mercado, a Frueat, que no ano passado faturou cerca de um milhão de euros, já incluindo “um valor residual” em Espanha, aponta como meta para este ano os 2,5 milhões de euros, “700 a 800 mil euros” dos quais em Espanha.