28 de janeiro de 2013 - 10h16

A agência de medicamentos francesa relacionou a pílula Diane 35 a quatro mortes por trombose venosa, depois de uma investigação que começou com a denúncia de uma jovem vítima de um acidente cardiovascular cerebral.
O medicamento, que pertence ao laboratório Bayer, é uma pílula contracetiva, mas também é utilizado para o tratamento do acne.
Em dezembro do ano passado, uma jovem entrou com uma ação em tribunal por ter sofrido um acidente cardiovascular cerebral (AVC) que considerou estar relacionado com a toma daquela pílula.  
A queixa provocou a abertura de uma investigação preliminar.
A Agência de Segurança Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (ANSM) francesa anunciou no domingo que a Diane 35 assim como os seus genéricos irão ser alvo de uma "análise específica" e um "relatório completo" que deverá ser publicamente divulgado na próxima semana. 
Segundo a ANSM, nos últimos 25 anos registaram-se quatro mortes que são "atribuíveis a trombose venosa relacionada com Diane 35", noticiou hoje a AFP. 
No dia 11 de janeiro, a ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine,  pediu à União Europeia que limitasse a prescrição de pílulas anticoncecionais de terceira e quarta geração e anunciou que a França iria adotar um mecanismo para limitar o uso desses anticoncecionais. 
O apelo da ministra surgiu depois de a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ter divulgado um comunicado no qual assegurava que as mulheres, que usam as pílulas de última geração, não tinham qualquer motivo para pararem de usar o medicamento.  
Na semana passada, também a Sociedade Portuguesa da Contraceção (SPC) veio defender que as pílulas contracetivas são dos medicamentos "mais estudados" e que não existem razões para as mulheres deixarem de a tomar.  
A evidência científica é de que o risco de tromboembolismo venoso nas mulheres que não utilizam a pílula é de quatro ou cinco casos para cada 10 mil mulheres em idade reprodutiva e nas utilizadoras de pílula é de nove ou dez em cada dez mil, segundo informações avançadas pelo SPC.    "Em alguns países, como a Noruega, este fenómeno foi estudado: as vendas da pílula em geral desceram 17% e do contracetivo em causa desceram 70%, mais de 25.000 mulheres descontinuaram o uso do contracetivo", refere a sociedade.  
A não utilização da pílula contracetiva resultou num aumento da taxa de aborto em 36% nas jovens com menos de 24 anos, concluiu. 

Lusa