Em comunicado, a delegação nacional dos Médicos do Mundo solidariza-se com o Grupo Português de Ativistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA (GAT), que gere o CheckpointLx, e denomina de “vergonhoso” o fim do financiamento à consulta por parte da Direção-geral de Saúde.

Na opinião dos Médicos do Mundo, o fim do financiamento “ignora a excelente performance desta consulta”, algo que “terá um forte impacto negativo na população muito vulnerável que servia”, no caso homens que têm sexo com outros homens.

Por outro lado, para a organização, o fim do financiamento demonstra que a tutela dá pouco valor ao papel das ONG [Organizações não-Governamentais] e pouca atenção às populações mais vulneráveis.

“Esta ‘pretensa poupança’, consistente com uma visão imediatista, retrógrada, tecnicamente desaconselhada e desfasada da realidade, revelar-se-á, a médio e longo prazo, através de impactos negativos no SNS [Serviço Nacional de Saúde], com custos substancialmente superiores àqueles que resultam de políticas que se caracterizam por ações de proximidade, como era o caso desta consulta”, defendem os Médicos do Mundo.

Prevenção oncológica

Igualmente em comunicado, o Movimento de Utentes do Serviço Público (MUSP) mostra “grande preocupação” com o encerramento da consulta Checklist, alegando que “não vislumbram os motivos para o fim” do financiamento, já que os resultados mostram mais de mil consultas feitas em três anos de funcionamento, e a deteção de mais de meia centena de jovens homossexuais em risco de cancro anal.

“Perante as implicações que tem o encerramento deste serviço, o MUSP exige ao Ministério da Saúde que reponha o financiamento, quer pelas questões de saúde, quer até pelas consequências financeiras que a não deteção destas patologias terão para o Estado”, defende a organização.

Na opinião do MUSP, o encerramento da consulta Checklist “é mais um exemplo da desorientação existente no Governo relativamente ao Serviço Nacional de Saúde”.

Entretanto, a Direção-geral de Saúde (DGS), entidade que financia o CheckpointLx e financiava a consulta Checklist, fez saber que “continua a procurar uma solução duradoura para a reposição daquela consulta”, juntamente com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS/LVT) e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Não explica o porquê da demora em encontrar uma solução, já que o financiamento público terminou há oito meses, e não acrescenta nada à informação já adiantada pela ARS/LVT na semana passada, que dizia estar a trabalhar “afincadamente” numa solução para o serviço de consulta.

O serviço Checklist, consulta de doenças sexualmente transmissíveis, existia desde há três anos e funcionava no CheckpointLx, em Lisboa, tendo recebido, no decorrer desse período, cerca de 34 mil euros por ano, vindos do Ministério da Saúde, através da DGS, para pagar análises, reagentes e 'kits' médicos, a instituições públicas e a fornecedores.

Encerrou recentemente, depois de oito meses a funcionar sem quaisquer verbas do Estado, já que o financiamento terminou em dezembro de 2014.

O CheckpointLX é um centro dirigido a homens que têm sexo com outros homens, onde podem fazer o rastreio do VIH/SIDA e de outras doenças sexualmente transmissíveis de forma rápida, anónima, confidencial e gratuita, assim como ter acesso a aconselhamento e referenciação aos cuidados de saúde.