“Temos olhado para esta situação com natural preocupação e especial consternação, atendendo a alguns desfechos fatais de doentes em espera nos serviços de urgência”, declarou à agência Lusa a presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares.

Marta Temido avisa que se trata de uma “situação cíclica”, já que há alturas do ano, como nos meses de inverno, em que é habitual haver relatos de elevadas esperas nas urgências ou congestionamentos nos hospitais.

“Não se pode dizer que são situações imprevistas. São situações para as quais os serviços deveriam estar capacitados para responder, até porque não são grande emergências nem situações de catástrofe, são apenas picos de afluência”, referiu.

Marta Temido não crê, por isso, que seja apenas um problema de falta de planeamento, mas antes de dotação dos recursos necessários em função da afluência previstas.

“Era possível ter previsto estas situações e acautelá-las, designadamente tendo reforços de recursos que estivessem previamente disponíveis para entrar caso houvesse necessidade. Obviamente que isso tem um custo”, afirmou à Lusa.

A responsável apontou o caso das urgências do hospital Amadora-Sintra, para o qual acabaram por ser contratados mais profissionais, mas só depois de “se terem verificado situações de espera além dos tempos de referência”.

O problema não está só nos hospitais, considera a presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, lembrando que chegam às urgências várias situações de agravamento de doenças crónicas que deveriam ter tido resposta noutros níveis, nomeadamente nos centros de saúde.

A Ordem dos Médicos salienta que Portugal perdeu num só ano mais de 400 camas hospitalares, considerando que este problema, aliado à falta de planeamento, contribui para relatos sobre congestionamento nos hospitais “de norte a sul do país”.

O Ministério da Saúde admite que a afluência às urgências é maior nesta altura do ano “um pouco por todo o lado”, mas adianta que “há serviços que estão a responder muito bem”, enquanto outros “têm maior dificuldade”.

“Os que têm maior dificuldade estão nos grandes centros urbanos, mas nem todos nos centros urbanos se deparam com problemas”, afirmou à agência Lusa fonte oficial do Ministério.