Em declarações aos jornalistas, a diretora clínica do Centro Hospitalar Tondela Viseu, Helena Pinho, explicou que já há "muitos doentes internados a cargo da Medicina", numa altura em que ainda não terá sido atingido o "pico" dos casos de infeções respiratórias.

"Poderá o plano de contingência deste ano, que muitas vezes é limitado a não se fazer cirurgia adicional, condicionar que não se faça cirurgia de rotina", disse a responsável, acrescentando que pessoas que já tenham agendada uma operação a uma prótese de joelho ou a uma hérnia podem vê-las canceladas "por dificuldades de camas para internar os doentes".

O plano de contingência está ativo desde segunda-feira e assim se manterá enquanto se registarem temperaturas mínimas muito baixas, que habitualmente levam ao prolongamento do período das infeções respiratórias. No ano passado, o plano vigorou até abril. "Se calhar vamos ter mesmo que parar a cirurgia de rotina. Ainda não estamos nessa fase, mas a curto prazo poderemos chegar aí", avisou.

Segundo Helena Pinho, há já 220 doentes internados a cargo da Medicina, num ano em que está a ser sentido o "problema adicional" de a rede de unidades de cuidados continuados estar cheia.

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"Somos uma região bem servida por unidades de cuidados continuados, mas este ano a rede está cheia e temos tido, deste o final de outubro, entre 30 a 40 doentes continuamente a aguardar saída", lamentou. Neste momento, há "27 doentes para sair para a rede". "É uma enfermaria, que nos faz muita falta. Mas, não havendo solução, não podemos por os doentes na rua", frisou.

O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Tondela Viseu, Ermida Rebelo, disse aos jornalistas haver o compromisso de que "nenhum doente ficará internado em maca". "Todo o doente internado terá a sua cama. Por isso é que provavelmente se vão sacrificar algumas intervenções cirúrgicas", justificou, garantindo que o constrangimento será só ao nível das cirurgias de rotina e que "todas as cirurgias urgentes ou cirurgias oncológicas serão realizadas no tempo útil ou no tempo de urgência".

Helena Pinho apelou também à "boa vontade das pessoas" no que respeita aos acompanhantes dos doentes no serviço de urgência.

"Com o número de utentes que temos neste momento no serviço de urgência, o acesso dos acompanhantes vai ser limitado ao mínimo", alertou, explicando que, de outra forma, os profissionais de saúde não conseguem trabalhar.