Pinturas e esculturas inspiradas no simbolismo do coração, uma retrospetiva histórica da Cardiologia em Coimbra e instrumentos raros e centenários integram uma exposição que transforma o átrio dos Hospitais da Universidade (HUC) num espaço diferente do habitual.

Obras de Albuquerque Mendes, Carlos Carreiro e Júlio Resende – artistas que foram tratados no Serviço de Cardiologia dos HUC/Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) - André Banha, Dalila Gonçalves, Ivo Moreira, João Castro Silva e João Concha concorrem para transformar o ‘hall’ da principal entrada no hospital “num espaço de vida, de cultura, de animação”, com as suas pinturas, esculturas e outras peças inspiradas no simbolismo do coração – disse o médico e membro da organização Mariano Pêgo.

Nesta área atravessada diariamente por milhares de pessoas, além das obras de Lúcia Maia, Luís Herberto, Sandra Ferreira, Sebastião Resende e Tiago Serra, podem apreciar-se, até 11 de setembro, um dos primeiros aparelhos usados na primeira metade do século XX, na Europa e em Coimbra, para medir a tensão arterial, raridade com o nome do seu autor (Pachon), que remonta a 1910 e que era insuflado com uma bomba de bicicleta.

Segundo Mariano Pêgo, diretor do Serviço de Cardiologia dos HUC-CHUC, outras raridades são um eletrocardiógrafo ‘Sanborn’, datado do final da década de vinte do século passado e cujas dimensões contrastam com os aparelhos equivalentes atuais, que se podem trazer no bolso, ou o primeiro ‘holter’ (eletrocardiograma das 24 horas) usado mundialmente.

A exposição, intitulada “O coração, o centro do nosso universo”, exibe informação sobre o Serviço de Cardiologia dos HUC, nomeadamente da sua história e atualidade e da sua relação estreita com o Centro de Cirurgia Cardiotorácica, dirigido por Manuel Antunes. São apresentados alguns filmes de procedimentos realizados em ambos os serviços (ecocardiograma, cateterismo cardíaco, colocação de um 'pacemaker' e uma cirurgia valvular).

“É bastante agradável, as pessoas acabam por espairecer, aproxima o doente do que se faz aqui, familiariza-se com os equipamentos. Quem tem pessoas internadas na Cardiologia fica mais informado”, foram comentários feitos à Agência Lusa por dois jovens, Cátia Oliveira e Filipe Lourenço, que têm deambulado pela exposição quando vão aos HUC-CHUC acompanhando um doente e que mostraram interesse especial em apreciar alguns dos aparelhos antigos ali mostrados.

Para Mariano Pêgo, a iniciativa faz com que este espaço, “em vez de um local de doença passe a ser um local de saúde”.

“Os hospitais que constituem hoje o Centro Hospitalar e Universitário e Coimbra, têm história, princípios e valores. É esse património que os serviços são incentivados a mostrar aos cidadãos”, disse à Lusa o presidente do conselho de administração do CHUC, José Martins Nunes.

Esta exposição de entrada livre e que “nunca encerra” vem na sequência de mostras anteriores, iniciadas por uma dedicada à Anestesia dos HUC, e vai ser seguida por iniciativas similares sobre a Psiquiatria e a história da farmácia hospitalar – adiantou.

Comissariada por Olga Seco, a mostra é inteiramente financiada pelo mecenato.

23 de agosto de 2012

@Lusa