13 de janeiro de 2014 - 12h23
O diretor do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), João Goulão, alertou para um eventual risco de "marginalização" de utilizadores de droga, face aos problemas sociais decorrentes da crise em Portugal.
Falando à Lusa na véspera da 1ª Conferência Internacional sobre Políticas de Drogas nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), que se realiza entre quarta e quinta feira na Cidade da Praia, em Cabo Verde, João Goulão destacou a importância de se prestar "particular atenção" a este grupo social face à "degradação social dos portugueses".
"Os problemas sociais decorrentes da crise acabam por ter impacto nestas franjas de utilizadores que são, à partida, marginais de entre os marginais. Pode ter e vamos notando alguns impactos das dificuldades vividas atualmente", disse o responsável pela SICAD.
João Goulão vai participar no primeiro encontro internacional dos PALOP sobre a droga, que pretende promover a cooperação estratégica entre governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil neste âmbito.
Na sua intervenção na conferência, adiantou à Lusa, vai falar das políticas portuguesas, das respostas que a SICAD está a levar a cabo no terreno, do quadro legal existente e da nova estratégia que concluiu recentemente - o plano para a redução dos comportamentos aditivo e dependência, que está neste momento à espera da aprovação do governo.
O documento "aponta para novos caminhos, novas abordagens, uma abordagem mais ampla, incluindo outros comportamentos aditivos, que não só os relacionados com substâncias lícitas, ou ilícitas, mas é um plano que abrange outras drogas, álcool, jogo e que desenha um conjunto de respostas e abordagem. O que pretendo é partilhar isso", afirmou.

Mas, a organização portuguesa pretende igualmente "agendar uma sequência de encontros, discussões e estabelecer colaborações efetivas" com as diversas entidades que desenvolvem projetos ligados à droga, disse.
Em 1996, Portugal realizou um encontro sobre as drogas, sem, no entanto, ter conseguido obter "condições para despoletar formas mais efetivas de cooperação", pelo que "a minha expectativa é que consiga agendar uma sequência de encontros, discussões, colaborações efetivas" com atuais e novas organizações, assinalou João Goulão.
Apesar de descrever como "globalmente positiva" a evolução de todos os indicadores disponíveis em Portugal no combate à droga, a SICAD pretende "buscar respostas para novos problemas que vão surgindo, nomeadamente os que passam pela crise" no país, referiu João Goulão
"Tempos que ter uma particular atenção a essas condições de vida, desenvolvendo respostas para eventuais inflexões na realidade. Aquilo que é óbvio é que não podemos, neste momento, diminuir a intensidade que o esforço que tem vindo a ser feito no sentido de lhe oferecer resposta a todos aqueles que dela necessitam", afirmou.
De resto, afirmou o diretor da SICAD, "é fundamental que consigamos manter uma disponibilidade situada a bons níveis para responder a quem carece da nossa intervenção".
Lusa