Há vários anos que a Europacolon Portugal tem vindo a alertar para a necessidade da realização de um rastreio organizado de base populacional no Serviço Nacional de Saúde, à semelhança do que tem vindo a ser feito para os cancros da mama e do colo do útero, disse o presidente da associação, que falava à Lusa a propósito do Mês Europeu de Luta Contra o Cancro do Intestino, que começa hoje.

Todos os anos surgem mais de 7.000 novos doentes e morrem 11 pessoas por dia em Portugal, mortes que podiam ser evitadas se a doença fosse detetada e tratada precocemente, disse Vítor Neves.

“Se tivéssemos um rastreio de base populacional - somos dos poucos países da Europa onde esse rastreio não existe - e se estivéssemos interessados em desenvolver atitudes preventivas e diagnósticos precoces, mais de dois terços destes doentes” poderiam ser tratados e curados, frisou.

Perante esta realidade, Vítor Neves apelou ao ministro da Saúde que dê atenção a esta matéria, esperando que 2016 "seja finalmente o ano” em que Portugal vai ter este rastreio, que, afirma, terá ganhos para o Serviço Nacional de Saúde.

Segundo o responsável, o dinheiro a aplicar na prevenção, através do rastreio, “é muito baixo” relativamente ao que se investe no tratamento e na estabilização dos doentes avançados.

São gastos com “cirurgias, radioterapia, quimioterapia, tratamentos inovadores, custos sociais, já para não falar” na morte de 11 pessoas por dia, “um drama social que urge acabar no nosso país”, defendeu.

Enquanto o rastreio não avança, o presidente da Europacolon Portugal aconselha as pessoas com mais de 50 anos, as pessoas cujos pais tenham tido esta doença ou apresentem sintomas, como perda de sangue nas fezes, cansaço, emagrecimento, alteração dos hábitos intestinais ou dores abdominais, a irem ao médico de família e fazerem o despiste do cancro do intestino.

Dados recentes do Registo Oncológico Nacional referem que o cancro do intestino é o que tem vindo a aumentar mais na população portuguesa devido, sobretudo, ao estilo de vida.

Inserido nas atividades do Mês Europeu de Luta Contra o Cancro do Intestino, a Europacolon realiza durante este mês um rastreio gratuito ao cancro do intestino em 141 farmácias Holon espalhadas pelo país.

A associação participará na quarta-feira, em conjunto com as associações congéneres europeias, numa sessão de esclarecimento no Parlamento Europeu, com o mote “Fazer barulho – Salvar Vidas!”, que alerta para a importância dos rastreios organizados como forma de salvar vidas.