26 de março de 2014 - 09h11
Em Portugal existem perto de 13 mil pessoas com Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa com maior prevalência no país, revela um estudo pioneiro que faz pela primeira vez este levantamento.
O Estudo Epidemiológico de Avaliação da Prevalência da Doença de Parkinson em Portugal concluiu ainda que a maioria dos doentes identificados eram homens com mais de 65 anos, que apresentavam sintomas moderados e estavam fisicamente independentes.
De acordo com Joaquim Ferreira, neurologista e coordenador cientifico do estudo, o número obtido (1,29 por cada mil pessoas) ficou aquém das expectativas, que até agora se baseavam na extrapolação de estudos europeus.
“Achávamos que a prevalência era mais alta, porque há uma mutação genética que causa a doença e que é particularmente prevalente na população portuguesa”, explicou.
Ou seja, este estudo não sugere que esta alteração genética condicione um aumento global da prevalência da doença em Portugal, comparativamente com outros países ocidentais.
A hipótese colocada pelos investigadores para explicar estes resultados inferiores ao esperado é a de poder haver muitos doentes de Parkinson precocemente institucionalizados, já que este estudo apenas se incluiu visitas domiciliárias.
Institucionalização precoce
“Este número pode estar mascarado por muitos doentes estarem institucionalizados. A ser assim, como o estudo foi feito porta a porta, se os doentes forem precocemente institucionalizados, não estão no domicílio e, por isso, geram números mais baixos”, disse Joaquim Ferreira, alertando para a possibilidade de os doentes estarem a ser “colocados em lares mais precocemente do que necessitariam ou do que acontece noutros países”.
Contudo, o neurologista salvaguardou tratar-se de uma mera hipótese, que será clarificada num estudo a ser feito posteriormente junto de doentes com Parkinson internados.

Para já, o próximo passo será planear os cuidados de saúde a distribuir em termos nacionais: “quantos doentes em cada zona, quantas consultas e onde devem acontecer”.
“Com este trabalho de campo, a sociedade pode agora planear melhor o tratamento destes doentes”, acrescentou.
O mesmo acontece no que diz respeito às cirurgias.
“Agora podemos propor ao Ministério da Saúde quais os recursos a alocar para os doentes”, explicou.
O estudo, que se baseou num questionário aplicado a uma amostra de 5.042 indivíduos com 50 ou mais anos, foi promovido pela Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson, com o apoio da Direção-Geral da Saúde.
As conclusões deste trabalho vão ser apresentadas no sábado, durante o Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa das Doenças do Movimento, que decorre entre os dias 28 e 30 de março, no Vimeiro.
A doença de Parkinson é uma doença neurológica degenerativa do sistema nervoso central, para a qual ainda não existe cura, e é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, atingindo 1% da população mundial com idade igual ou superior a 65 anos.
Lusa