Cientistas holandeses estudaram um tipo de moléculas que pode duplicar o seu material genético (replicação) e comprovaram que este processo cria novos "ramos" de moléculas, num desenvolvimento com semelhanças com a evolução biológica.

Sijbren Otto, investigador da universidade de Groningen, e o grupo de cientistas identificaram há alguns anos um péptido - um tipo de molécula formada pela união de aminoácidos - organizado em anéis, que se empilham para formar estruturas mais complexas.

Estas pilhas de anéis quebram-se e dão origem a duas estruturas semelhantes que se continuam a replicar.

O estudo analisa como este processo controlado, em laboratório, deu origem a uma nova classe de anéis com características distintas das iniciais.

"Este segundo grupo (de anéis) é descendente do primeiro", afirmaram os investigadores, em comunicado divulgado pela universidade. "Este processo é muito semelhante à formação de novas espécies a partir de outras existentes na evolução biológica", sublinhou o grupo de cientistas.

"A vida começou em algum ponto, mas como ocorreu esse salta continua a ser um mistério", acrescentou.

Para os cientistas, a criação de seres vivos, a partir de matéria inerte, resultou de processos de "autocatálise", nos quais as moléculas criam cópias de si mesmas, e de "auto-organização", com a criação de estruturas mais complexas espontaneamente.

O grupo de Otto considerou que a sua experiência demonstra que "novas espécies podem surgir a partir da evolução química".

De acordo com os investigadores, o trabalho com moléculas simples evidencia "os mesmos padrões" observados em "organismos que se reproduzem sexualmente".